O lançamento do livro da ativista Malala Yousafzai, em uma universidade no Paquistão, foi cancelado devido à pressão do governo da província onde ocorreria, segundo informaram os organizadores e oficiais de polícia nesta terça-feira (28/1). Malala, hoje com 16 anos, sobreviveu a uma tentativa de assassinato cometida em 2012 pelo Talibã, que proíbe meninas de frequentarem escolas, e por isso se tornou um exemplo mundial na luta de jovens pela educação.
Mas o presidente do partido no poder na província (PTI), o ex-jogador de críquete Imran Khan, criticou o cancelamento na sua conta no Twitter. "Não consigo entender por que o lançamento do livro de Malala foi cancelado. O PTI defende a liberdade de expressão e de debate."
Khadim Hussain, chefe da Bacha Khan Education, uma organização de caridade que apoiava o lançamento, disse que a pressão pelo cancelamento foi para satisfazer os militantes religiosos. "Eles nos impediram para agradar o Talibã. Nós anunciaremos em breve uma nova data para o lançamento do livro", Hussain explicou à AFP.
Um oficial da polícia, que pediu anonimato, disse que se eles permitissem a cerimônia estariam atraindo ataques do Talibã no futuro. A obra descreve a vida de Malala sob o controle brutal do Talibã no início dos anos 2000, e dá a pista de sua ambição de entrar na política paquistanesa. Apesar de ter recebido uma reação positiva ao redor do mundo, o livro dividiu opiniões no Paquistão: algumas escolas particulares baniram o livro porque ele conteria "conteúdo antipaquistanês e anti-islâmico".