Washington- A Casa Branca prometeu que Barack Obama vai apresentar uma imagem "otimista" e será combativo no Congresso, em seu discurso anual sobre o Estado da União, nesta terça-feira (27/1), depois de um ano considerado difícil para o presidente.
Obama se dirigirá aos membros da Câmara de Representantes e do Senado, a secretários de governo e a juízes da Suprema Corte, às 21h00 desta terça-feira (meia-noite de quarta no horário de Brasília).
No Estado da União, o presidente costuma apresentar as linhas gerais da agenda do Executivo para o ano que se inicia e sua visão do que será este novo ano político.
O ano 2013 foi marcado por uma queda no nível de confiança dos cidadãos em Obama, sobretudo, pelo fracassado lançamento on-line de sua reforma de saúde, o chamado Obamacare. De qualquer maneira, no apagar das luzes, o presidente democrata saiu vitorioso da queda de braço com os adversários republicanos sobre a crise orçamentária do outono (hemisfério norte).
Na sexta-feira, o governo disse ter superado a meta dos três milhões de assegurados no Obamacare, desde outubro, mas reconheceu que será complicado alcançar os sete milhões esperados até o final de março.
Na tentativa de se afastar dessa crise, Obama retomou em dezembro um dos eixos de sua campanha à reeleição: o papel do Estado no apoio à classe média e na diminuição das desigualdades sociais. Nesse sentido, dirá que espera mais "investimentos em educação, leis sobre os direitos sindicais e (uma revalorização do) salário mínimo".
"Uma caneta e um telefone"
"Na terça à noite, o presidente apresentará uma série de propostas reais, concretas e práticas para fazer a economia crescer, reforçar a classe média e apoiar todos os que esperam entrar" nesse segmento, explicou seu conselheiro Dan Pfeiffer, em um e-mail à AFP.
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Pfeiffer prometeu que o tom do discurso será "otimista". "Graças à coragem e à determinação de pessoas como vocês, os Estados Unidos lutaram muito por esse otimismo", dirá o presidente, referindo-se à queda do desemprego, que se situou 6,7% em dezembro.
No pior momento da crise em 2009, o desemprego chegou a 10%. Obama já havia dito que 2014 é um "ano de ação", depois de um fraco 2013, no qual não conseguiu fazer avançar temas como o controle das armas de fogo, a extensão do seguro-desemprego, ou a situação dos mais de 11 milhões de imigrantes em condição ilegal que vivem hoje nos Estados Unidos.
Essa postura pode sofrer um golpe nas eleições legislativas de novembro, quando serão renovados a Câmara de Representantes - desde 2011 dominada pelos republicanos - e um terço do Senado.
Salvo surpresa de último minuto, não parece que os democratas vão conseguir reconquistar o Congresso e dar uma margem de manobra confortável para Obama trabalhar.
Os republicanos da Câmara disseram estar dispostos a retomar as discussões sobre a reforma da imigração, embora o texto corra o risco de não avançar tanto como aconteceu na versão adotada pelo Senado, em junho de 2013.
Obama já antecipou que tem "uma caneta e um telefone" para assinar medidas administrativas e mobilizar os americanos.
Os conservadores responderão ao discurso do presidente ainda na terça à noite com pronunciamento da representante Cathy McMorris-Rodgers.
Brendan Buck, o porta-voz do presidente republicano da Câmara de Representantes, John Boehner, comentou que o discurso de Obama servirá para ver se o presidente está disposto a ir contra seu próprio partido neste "ano de ação". Do contrário, será "um novo slogan sem sentido da Casa Branca".