O político de direita Juan Orlando Hernández tomou posse nesta segunda-feira (27/1) como presidente de Honduras com a promessa de frear a espiral de violência criminosa vivida pelo país, um dos mais pobres da América Latina.
"Prometo cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis", disse Hernández ao fazer um juramento sobre a Carta Magna do país no Estádio Nacional para uma plateia de cerca de 30 mil pessoas. O novo presidente hondurenho é um advogado de 45 anos e pertence ao Partido Nacional (PN), do até então presidente Porfirio Lobo.
A cerimônia de posse contou com a presença dos presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, da Costa Rica, Laura Chichilla, do Panamá, Ricardo Martinelli, e de Taiwan, Ma Ying-jeou. O príncipe Felipe, da Espanha, e o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, também estiveram presentes.
No momento da posse, milhares de simpatizantes do ex-presidente Manuel Zelaya e sua esposa, a candidata de esquerda Xiomara Castro - que perdeu para Hernández nas eleições do último 24 de novembro - se reuniram do outro lado da capital hondurenha.
"Não iremos [até a posse] como um sinal de protesto pelo tratamento desumano, agressivo e grosseiro que temos recebido desde as eleições; o próprio presidente eleito tem trabalhado para destruir a oposição, nos chamou de narcotraficantes, delinquentes", disse Zelaya à AFP.
Leia mais notícias em Mundo
O ex-presidente, de 61 anos, se referiu a declarações em que Hernández disse que, com sua chegada ao poder, a "festa dos deliquentes" teria acabado.
Lobo deixa o governo com alguma estabilidade política após a crise desencadeada pelo golpe de Estado de 28 de junho de 2009 contra Zelaya, que naquele momento provocou o isolamento internacional de Honduras.
Zelaya chegou ao poder em 2006 pelo Partido Liberal, mas foi deposto e enviado ao exílio em 2009 por uma aliança de militares, políticos e empresários que não o perdoaram por sua aproximação com a esquerda, especialmente com o então presidente venezuelano Hugo Chávez.
Em setembro de 2009, ele voltou às escondidas para tentar retomar o poder, refugiando-se por mais de quatro meses na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Mas não conseguiu voltar ao governo.
O novo presidente assume um país que ainda sofre as consequências do golpe, com uma sociedade dividida e instituições frágeis, atingido pela violência crescente e em grave crise econômica.
Honduras tem a maior taxa de homicídios do mundo, 83 para cada grupo de 100.000 habitantes. O narcotráfico e o crime organizado estão na origem de números tão elevados de criminalidade. Além disso, o país é um dos campeões de pobreza do continente americano: 70% de seus 8,5 milhões de habitantes são atingidos, e o desemprego afeta mais de 40% da população.