Genebra - As negociações de paz sobre a Síria começaram com o pé esquerdo em Genebra nesta sexta-feira (24/1), após o fracasso da ONU em reunir na mesma mesa as delegações sírias no primeiro dia de negociações. Logo após o início das negociações, a delegação oficial síria ameaçou deixar Genebra, acusando a delegação da oposição de não "ser séria", segundo a televisão estatal síria.
[SAIBAMAIS]Segundo fontes das duas delegações, a oposição se negou a se sentar à mesma mesa que o regime, alegando que o governo sírio deveria aceitar o princípio de um governo de transição sem Assad antes de iniciar negociações diretas. "O problema dessas pessoas é que elas não desejam a paz, elas vieram aqui com pré-condições", acusou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Fayçal Moqdad.
As duas delegações chegaram na quinta-feira (23/1) a Genebra após uma tensa conferência em Montreux, que contou com a participação de 40 países e organizações. As duas partes em conflito deveriam negociar para acabar com o conflito sangrento que já deixou mais de 130 mil mortos na Síria e que forçou milhões de civis a abandonar as casas.
Diplomatas e observadores não acreditam que essas negociações alcancem soluções concretas, mas lembram que o simples fato de ambos os lados estarem em Genebra já é um evento. O primeiro ciclo de negociações deve "durar até o final da próxima semana", em 31 de janeiro. "Sabemos que isso levará tempo, e que deverá durar pelo menos um dia a mais. Sabemos que não será um processo fácil", indicou um funcionário do Departamento de Estado americano.
O futuro de Bashar al-Assad continua sendo o principal ponto de divergência, já que a oposição exige seu afastamento do poder e a formação de um governo de transição, o que o regime rejeita categoricamente. Na falta de consenso neste tema central, Brahimi pode optar em se concentrar na busca de medidas de ajuda a uma população que desde março de 2011 sofre com as consequências da guerra. Brahimi evocou na noite de quarta-feira sinais de que as delegações pareciam estar dispostas a autorizar a entrega de ajuda humanitária, assim como cessar-fogo pontuais - principalmente em Aleppo - e troca de prisioneiros.