Bagdá - Mais de 140 mil pessoas fugiram dos combates entre as forças de segurança e os insurgentes na província de Al-Anbar (oeste de Bagdá), no maior deslocamento populacional em cinco anos no país, indicou a ONU nesta sexta-feira (24/1). "Trata-se do maior deslocamento no Iraque desde a onda de violência interreligiosa de 2006-2008", declarou o porta-voz da agência da ONU para os refugiados (Acnur), Peter Kessler, acrescentando que este balanço foi fornecido pelo governo iraquiano, e que 65 mil pessoas teriam fugido em apenas uma semana.
Sexta-feira, o bombardeio dos bairros de Malaab e Abul Faraj, em Ramadi, sob controle dos insurgentes, matou duas pessoas e feriu 30 outras, de acordo com uma fonte médica. Em Fallujah, uma pessoa morreu e sete outras ficaram feridas nos intensos bombardeios quinta-feira à noite.
Os habitantes desta cidade acusam o exército de estar por trás desses bombardeios, mas as autoridades locais afirmam que os militares não estão envolvidos. Quarta-feira, o premiê iraquiano, Nuri al-Maliki, um xiita, pediu aos moradores da província para "tomar uma posição" contra os insurgentes, insistindo que era "hora de acabar com este problema e acabar com a presença de gangues na cidade".
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que recebeu na quarta-feira o chefe do Parlamento iraquiano, Osama al-Nujaifi, exortou por sua vez Bagdá "a continuar o diálogo para que as reivindicações legítimas de todas as comunidades possam ser tratadas através do processo político". Diplomatas e especialistas temem que a violência não pare de aumentar enquanto a comunidade sunita continue a ser marginalizada. Desde o início de janeiro, mais de 700 pessoas morreram neste conflito.