Entrando abruptamente na sala de imprensa onde trabalham centenas de jornalistas, o ministro da Informação sírio insistiu que no credo do regime. "Assad não vai sair", disse Omran Al-Zohbi. "Traidores e agentes a mando do inimigo". O discurso de Walid Mouallem também provocou uma discussão com o secretário-geral da ONU.
O ministro sírio, assim como o líder da oposição, tinha dez minutos para falar. Mas depois de 20 minutos de discurso, Ban Ki-moon, decidiu interromper Mouallem, que ignorou os apelos para que concluísse sua fala. "Você vive em Nova York e eu moro na Síria, tenho o direito de contar a versão síria aqui neste fórum", disse Mouallem ao chefe da ONU.
A observação não agradou o secretário, que lembrou ao chanceler sírio após 35 minutos de discurso, que a sua intervenção era contrária ao "clima construtivo" que se tenta criar na conferência. A escolha desta "retórica inflamada" pelo regime sírio foi rapidamente denunciada pela porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki.
Já o chefe da Coalizão de oposição síria, Ahmad Jarba, fez um apelo ao presidente sírio, Bashar Al-Assad, para que entregue seu poder a um governo de transição. "Peço (para a delegação do regime) que assine imediatamente o documento de Genebra I (que prevê) a transferência das prerrogativas de Assad, incluindo as do Exército e da segurança, a um governo de transição", afirmou Jarba.
Resumindo o estado de espírito de muitos participantes na conferência, o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, considerou que ninguém deve esperar por um "milagre". Ainda assim, a reunião de Montreux certamente deve ajudar a preparar a reunião de sexta-feira na ONU, em Genebra, envolvendo apenas as duas delegações sírias e o enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi. Este deve ser o início de um processo longo, de sete a dez dias de uma primeira etapa, de acordo com um membro da delegação russa, citado pela agência de notícias Interfax.