Um relatório acusando a Síria de massacres em grande escala e de torturas é "extremamente alarmante", e pede investigações complementares, declarou à AFP o porta-voz da alta comissária de Direitos Humanos da ONU.
"Esse relatório é extremamente alarmante e o número extenso de mortos em detenção, se for confirmado, é verdadeiramente horrível. Alegações tão sérias não podem ser ignoradas e investigações complementares são claramente necessárias", declarou em um e-mail Rupert Colville.
Esse relatório redigido por três ex-procuradores internacionais se baseia nos testemunhos de um desertor, acompanhados de 55.000 fotos de 11.000 prisioneiros mortos entre março de 2011 e agosto de 2013 em um só lugar, não identificado por razões de segurança.
O documento foi encomendado pelo Catar, país que apoia os rebeldes sírios.
O porta-voz de Navi Pillay lembrou que a Comissão de Investigação Internacional sobre a Síria, a serviço do Conselho de Direitos Humanos da ONU, havia indicado casos de torturas que causaram a morte de prisioneiros, semelhantes aos apresentados pelo relatório.
Mesmo sem ter seu acesso à Síria autorizado pelo regime, a Comissão analisou provas e depoimentos. Ela chegou à conclusão que, em várias oportunidades, "o governo sírio, incluindo seus serviços de inteligência, havia usado em larga escala a tortura sistemática para interrogar, intimidar e punir pessoas consideradas opositoras".
Também denunciou casos similares envolvendo grupos da oposição armada. Em um comunicado na semana passada, Pillay apontou para as execuções de não combatentes por grupos armados radicais.
As informações desse relatório mostram o quão importante é o fato de observadores independentes poderem ter acesso à Síria, ressaltou o porta-voz.