Um conselheiro do presidente interino do Egito afirmou nesta terça-feira que as novas autoridades não permitirão um "retorno" às práticas anteriores à revolta popular que derrubou o presidente Hosni Mubarak do poder, há três anos.
"Não há lugar para um retorno do extremismo, do fascismo, da corrupção e do autoritarismo", declarou Mustafa Hegazy durante uma entrevista coletiva à imprensa no Cairo, garantindo que não haverá "retorno às práticas do Egito de antes de 25 de janeiro (de 2011) e de 30 de junho (de 2013)".
O país se prepara para lembrar no sábado três anos do início de uma revolta popular que causou a queda do presidente do Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, colocando um fim a três décadas de poder absoluto.
Os militares que assumiram o poder interinamente cederam o comando 16 meses depois ao islamita Mohamed Mursi, único presidente eleito democraticamente no país. Mas em 3 de julho Mursi foi derrubado depois de grandes manifestações exigindo a sua renúncia realizadas em 30 de junho.
Desde então, as autoridades militares criaram um plano de transição, lançado por um referendo constitucional, que teve a vitória do "Sim" na semana passada, mas do qual os jovens foram os grandes ausentes.
Desde então, ministros e autoridades multiplicam as declarações e os encontros com representantes de grupos jovens, que estiveram à frente da revolta de 2011. Nesta terça, Hegazy falou a eles: "Nós os protegeremos do terrorismo, da violência e da corrupção. E não deixaremos que um terrorista ou um autocrata decida o nosso futuro".
O dia que marca a queda de Mubarak deve ser tenso. O ministro do Interior pediu que os seguidores do governo se manifestem em massa neste dia com o objetivo de se opor "ao plano da Irmandade Muçulmana para semear o caos", enquanto o movimento de Mursi convoca protestos para o mesmo dia denunciando um país "em um estado pior do que o de antes de 25 de janeiro de 2011".
Referindo-se ao destino da Irmandade Muçulmana, que venceu todas as eleições desde a revolta contra Mubarak, mas que foi declarada "terrorista" recentemente pelo governo, Hegazy assegurou que as autoridades tinham tentado inclui-los na transição, mas que eles "se recusaram", voltando-se "dedicando-se depois a ações terroristas".