Uma onda de atentados no Iraque com carros-bomba, ataques suicidas e tiroteios, causou a morte de pelo menos 73 pessoas e feriu 128 nesta quarta-feira (15/1), indicaram fontes médicas e de segurança.
Os principais ataques ficaram concentrados em Bagdá, onde nove carros-bomba mataram 37 pessoas, mas os ataques também ocorreram na província de Diyala e ao redor da cidade de Mossul, no norte.
Os ataques aconteceram enquanto as forças governamentais continuam a perder terreno na província de Al-Anbar, onde os insurgentes sunitas do Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL, ligado à Al-Qaeda) tomaram o controle de duas novas regiões estratégicas, segundo fontes oficiais.
Os ataques não foram reivindicados, mas insurgentes ligados à Al-Qaeda cometem com frequência ataques coordenados contra civis, contra as forças de ordem e contra milícias sunitas Sahwa, recrutadas para lutar contra a rede extremista.
O conflito em Al-Anbar e o aumento da violência no país, alimentado por uma profunda crise política, constituem as maiores ameaças para o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, no poder há oito anos, a poucos meses das eleições legislativas.
Na capital, um dos carros-bomba explodiu em um mercado lotado de Chaab (norte) e outro, diante de um restaurante movimentado da rua Saná, onde havia poças de sangue e grandes danos materiais, segundo as mesmas fontes.
A nordeste da capital, em Bohroz, ao menos 16 pessoas morreram e outras vinte ficaram feridas em um atentado suicida no funeral de um miliciano contrário à Al-Qaeda, indicaram um oficial da polícia dessa cidade próxima a Baquba e fontes médicas.
Além disso, 13 pessoas, entre elas nove soldados, morreram em ataques na cidade de Mossul (norte). Sete funcionários de uma fábrica de tijolos foram assassinados por insurgentes em Moqdadiyan, também ao norte da capital.
Insurgentes ganham terreno
Além disso, os combates continuam entre as forças governamentais e os jihadistas do EIIL, que tomaram o controle nas últimas semanas de vários setores de Ramadi, capital da província situada a 100 km de Bagdá, e que controlam, junto com outros combatentes tribais antigovernamentais, a cidade de Fallujah, a 60 km de Bagdá.
A tomada de Fallujah e de algumas partes de Ramadi pelos jihadistas ocorreu pela primeira vez desde a insurreição registrada depois da invasão norte-americana de 2003.
As duas cidades são antigos redutos de insurgentes. Em 2004, 95 soldados americanos foram mortos e mais de 600 feridos em Fallujah durante as mais sangrentas ofensivas do exército dos Estados Unidos desde a guerra do Vietnã.
[SAIBAMAIS]Nesta quarta-feira os insurgentes ganharam terreno, com policiais abandonando seus postos e deixando armas para trás, segundo testemunhas.
"Nós nos rendemos e abandonamos nossas armas", afirmou à AFP um policial da localidade de Saqlawiyah. "Eles têm armas melhores que as nossas. Nossa delegacia não estava bem protegida e nós fomos cercados. Mesmo quando pedimos ajuda ninguém veio nos socorrer", relatou.
Os jihadistas tomaram a delegacia de Saqlawiyah, na periferia oeste de Fallujah, depois de terem avisado na mesquita da localidade aos policiais para deixarem suas armas. Em Ramadi, eles voltaram a controlar o bairro de Malaab.
O Iraque entrou, desde outubro de 2013, numa espiral de violência que chegou a níveis inéditos desde o conflito religioso de 2006-2007.
O balanço dos ataques desde o início do mês já ultrapassou os números para todo o mês de janeiro de 2013, com cerca de 500 vítimas fatais.
Frente a este aumento da violência, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou na segunda-feira que os dirigentes iraquianos devem resolver a raiz do problema da violência no Iraque.