A Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) desenvolveu uma tecnologia secreta para espionar computadores por sinal de rádio, coletando informações mesmo quando os equipamentos estão offline, revelou o jornal "The New York Times" nesta quarta-feira (15/1).
De acordo com o "NY Times", a NSA implantou esse software em 100 mil computadores ao redor do mundo para realizar a vigilância, o que deu à agência "uma autoestrada digital" para lançar ataques cibernéticos.
Citando fontes não identificadas, o jornal afirma que a agência usa este programa, batizado de "Quantum, desde 2008 pelo menos, recorrendo a um canal de ondas de rádio secreto que pode ser transmitido de minúsculas placas de circuito e de cartões inseridos às escondidas nos computadores.
A matéria acrescenta que a tecnologia de rádio ajudou a resolver um problema-chave para as agências americanas de Inteligência, ao conseguir "entrar" nos computadores de rivais que contam com proteção reforçada contra ataques. O jornal observa, porém, que o equipamento de frequência de rádio precisa, na maioria dos casos, ser fisicamente inserido por um espião, pelo fabricante, ou por um usuário.
De acordo com o jornal, a NSA e o Comando Cibernético usaram essas técnicas contra o Exército Chinês, acusado de cometer ataques virtuais contra empresas americanas. Também estariam sendo usadas contra as redes militares russas, a polícia mexicana e os cartéis de drogas, organizações comerciais dentro da União Europeia e alguns parceiros dos Estados Unidos na luta contra o terrorismo, como Arábia Saudita, Índia e Paquistão, conforme as autoridades e os documentos citados na matéria.
Em declarações à AFP, a NSA não comentou a matéria diretamente, mas afirmou que a agência "mobiliza várias técnicas de Inteligência estrangeira para ajudar a defender a nação".
[SAIBAMAIS]"Como já declaramos antes, a dedução de que a coleta da NSA é arbitrária e forçada é falsa. As atividades da NSA são focadas e especificamente mobilizadas contra - e contra apenas - alvos válidos de Inteligência estrangeira em resposta a demandas de Inteligência", insiste a nota enviada.
"Além disso, não usamos capacidades de Inteligência estrangeira para roubar segredos comerciais de companhias estrangeiras em prol de - ou para dar o material de Inteligência que coletamos para - companhias americanas para melhorar sua competitividade internacional, ou aumentar seus resultados financeiros", completa a agência.
Questionado sobre o relatório, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, adotou a mesma linha da NSA.
"Não vou discutir ferramentas específicas, mas a NSA opera sob uma pesada supervisão e está focada em descobrir e desenvolver Inteligência sobre alvos válidos de Inteligência estrangeira, como terroristas, traficantes de pessoas e de drogas", disse Carney aos jornalistas a bordo do Air Force One.
"Eles não estão interessados em informação pessoal sobre o americano comum", afirmou.