[SAIBAMAIS]Entre as personalidades estrangeiras presentes se destacaram na primeira fila o vice-presidente americano, Joe Biden, e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, emissário do Quarteto para o Oriente Médio. Mais cedo, durante uma cerimônia diante do Knesset (Parlamento Unicameral) em Jerusalém, o presidente Shimon Peres e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prestaram uma emotiva homenagem ao "combatente", elogiado principalmente por seu papel durante a Guerra do Yom Kipur de outubro de 1973 e por sua "guerra contra o terrorismo".
Netanyahu se comprometeu a "defender firmemente os princípios" do general Sharon em relação à segurança de Israel. "O Estado de Israel seguirá todos os caminhos possíveis para impedir que o Irã fabrique a arma nuclear", reiterou o chefe de Governo. Sharon "foi o ombro no qual se apoiava a segurança do país", declarou Peres de pé na praça do Knesset, onde o caixão de Sharon, coberto pela bandeira de Israel, estava sobre um pedestal de mármore negro. "Nunca descansou no serviço de seu povo, enquanto defendia sua terra e a fazia florescer", acrescentou. "Um homem complexo em uma época complexa"
Na cerimônia no Knesset, o vice-presidente americano, Joe Biden, lembrou Sharon como "um homem poderoso". "Era indomável", afirmou, elogiando sua valentia política ao levar adiante a retirada israelense da Faixa de Gaza em 2005. "O primeiro-ministro Sharon era um homem complexo que viveu em uma época complexa em uma vizinhança complexa", explicou Biden. Sharon, considerado um nacionalista inflexível ligado à desastrosa invasão do Líbano em 1982, quando era ministro da Defesa, surpreendeu como primeiro-ministro ao ordenar em 2005 a retirada israelense da Faixa de Gaza, ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias (em 1967).
Durante muito tempo foi considerado um pária político por sua responsabilidade pessoal indireta nos massacres de centenas de palestinos pelos falangistas cristãos libaneses, aliados de Israel, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, em Beirute, em 1982. O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair lembrou Sharon como um indivíduo apaixonado por seu país. "Duro, mas tímido, indomável, mas um servo de seu povo", declarou Blair. "Foi um gigante em sua terra", sustentou.
O general Sharon, apelidado de "o buldôzer", "deixou em seu caminho danos consideráveis, mas seu objetivo e sua motivação sempre eram claros", acrescentou Blair, que atualmente é o emissário do Quarteto para o Oriente Médio, formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU. Junto a Blair, que utilizava um quipá preto, se encontrava na cerimônia no Parlamento o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, atualmente de visita oficial.
O enterro de Sharon na fazenda de sua família respeitou um desejo do ex-primeiro-ministro, de repousar junto a sua segunda esposa, Lily. Levando-se em conta a proximidade da fazenda com a Faixa de Gaza, governada pelo movimento islamita palestino Hamas, o exército, os serviços de segurança e a polícia enviaram reforços à zona e elevaram seu nível de alerta por medo de disparos de foguetes. Após o enterro, dois projéteis foram disparados a partir da Faixa de Gaza contra o Israel, segundo o Exército israelense. "Dois projéteis caíram em uma área aberta na região de Shaar HaNegev", declarou uma porta-voz do Exército à AFP, referindo-se a região próxima à fronteira norte com a Faixa de Gaza, sem especificar exatamente onde eles caíram. A imprensa informou que eles atingiram uma área próxima à cidade de Sderot, a poucos quilômetros da fazenda Sycamore.
Cerca de 20 mil israelenses de todas as classes sociais passaram no domingo diante de seu caixão exposto em frente ao Parlamento. Muitos lembraram o carisma e a bravura do décimo primeiro chefe de Governo do Estado hebreu.