Cidade do Vaticano - As previsões se multiplicavam nesta sexta-feira (10/1) no Vaticano sobre a nomeação nos próximos dias ou semanas dos cerca de 14 novos cardeais, que deverão dar mais peso aos países da América do Sul e Latina no "Colégio Sagrado". O primeiro consistório do Papa argentino está marcado para 22 de fevereiro.
Segundo o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, é tradição que o Papa anuncie com mais de um mês de antecedência os nomes dos novos "príncipes da Igreja", para que eles tenham tempo de preparar sua viagem a Roma para receber o barrete cardinalício. Vários especialistas começaram a divulgar suas listas de potenciais favoritos, enquanto o anúncio pode ser feito durante qualquer Angelus ou audiência geral.
O anúncio é muito aguardado, enquanto o Papa tem frequentemente denunciado um carreirismo na Igreja. Alguns temem seu estilo autoritário e estão com medo de perder seu poder. Tornar-se cardeal deveria significar para o sortudo ser um conselheiro do Papa.
Francisco pode nomear pelo menos 14 novos cardeais com menos de 80 anos - eleitores em caso de conclave para a eleição de um novo Papa - para preencher as vagas vazias desde o último conclave de Bento XVI, em 2012. Ele deve nomear cardeais da América Latina, incluindo os arcebispos de Buenos Aires, Santiago e Rio de Janeiro, e provavelmente outros. Por uma questão de equilíbrio, ele deverá nomear cardeais da África, um continente que não lhe é familiar, e da Ásia, onde a Igreja, minoritária, está se expandindo.
O Papa é quase forçado, salvo uma grande surpresa, nomear como cardeal seu novo secretário de Estado, o "jovem" (58 anos) italiano Pietro Parolin, o alemão Gerhard Ludwig Müller, "guardião do dogma" (prefeito da Congregação da Doutrina da Fé) e o novo prefeito do clero, o italiano Beniamino Stella. Deve também dar o barrete a outro italiano, Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo, que desempenha um papel de confiança na preparação dos grandes encontros de bispos no final de 2014 e 2015 sobre a família.
No conclave de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio, recém nomeado Papa deu seu barrete ao bispo Baldisseri, dizendo: "Agora você é metade cardeal", segundo o vaticanista Marco Tosatti. A alta representação dos italianos no "Colégio Sagrado", que reúne todos os cardeais, incluindo os 120 eleitores do conclave, tem sido muitas vezes criticado.