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Atentados de Volgogrado geram dúvidas sobre segurança nos Jogos de Sochi

Os Jogos acontecerão de 7 a 23 de fevereiro nesta estação balneária entre o Mar Negro e as montanhas do Cáucaso

Moscou - Os dois atentados cometidos em Volgogrado, com a marca dos rebeldes islamitas do Cáucaso Norte, têm o objetivo de espalhar o terror a poucas semanas do início dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi e representam um desafio para o presidente Vladimir Putin.

"É evidente que os atentados estão relacionados com os Jogos Olímpicos de Sochi", afirmou à AFP Alexander Konovalov, presidente do Instituto de Estudos Estratégicos.

Os Jogos acontecerão de 7 a 23 de fevereiro nesta estação balneária entre o Mar Negro e as montanhas do Cáucaso.

"Esta série de explosões busca criar uma atmosfera de terror antes dos Jogos Olímpicos", concordou o analista russo independente Pavel Felgenhauer.



Pelo menos 14 pessoas morreram na explosão nesta segunda-feira em um ônibus elétrico em Volgogrado, sudoeste da Rússia, onde um atentado suicida deixou 17 mortos no domingo na estação ferroviária central desta cidade vizinha do instável Cáucaso Norte, a 1.000 km de Moscou.

Putin considera os Jogos de Sochi um dos pilares para melhorar a imagem do país e de seu governo no exterior e se comprometeu pessoalmente a fazer do evento uma "experiência segura, agradável e memorável".

Moscou já gastou mais de 50 bilhões de dólares na preparação do evento, o maior orçamento da história dos Jogos Olímpicos, mas os islamitas ameaçam arruinar o desejo de Putin.

O líder da rebelião islamista do Cáucaso, Doku Umarov, afirmou em julho que seus simpatizantes devem "impedir por todos os meios" a celebração dos Jogos de Inverno.

Os dois atentados, executados na véspera do Ano Novo, a festa mais importante celebrada na Rússia, "são um grande tapa para Putin", destacou Alexei Malachenko, analista do Centro Carnegie de Moscou.

"Isto é o que nos espera para os Jogos. Depois das explosões, milhares de espectadores não virão a Sochi", disse.

As operações dos islamitas do Cáucaso fora de sua região são raras, mas são quase cotidianas no Daguestão, na Inguchétia, em Kabardia-Balkaria e na Chechênia.

Os atentados de Volgogrado são obra de "um grupo organizado que atacou em um lugar onde ninguém esperava", disse Malachenko.

As autoridades concentram esforços de segurança em Sochi, onde foram adotadas importantes medidas de segurança para as Olimpíadas, deixando de lado outras cidades, o que poderia explicar a escolha de Volgogrado, segundo Felgenhauer.

Quase 40.000 policiais foram mobilizados para garantir a segurança em Sochi e o acesso à cidade de carro ficará proibido para não residentes a partir de 7 de janeiro, um mês antes da cerimônia de abertura dos Jogos.

Pequenos drones devem vigiar a cidade as 24 horas do dia e o serviço secreto pretende controlar todas as ligações telefônicas e acesos a internet de todos os participantes no evento, incluindo atletas e jornalistas, segundo denúncias de associações de defesa dos direitos humanos.

"A Rússia fará tudo o que for indispensável para a segurança do evento", o mais importante que o país receberá desde a desintegração da União Soviética em 1991, insistiu nesta segunda-feira o presidente do Comitê Olímpico Russo, Alexander Joukov, que descartou novas medidas de segurança.