Com a retomada do diálogo marcada para 15 de janeiro, em Havana, as negociações de paz entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estarão no centro do debate político do país, em 2014. Colocar um ponto final no conflito com a principal guerrilha esquerdista é o alicerce da campanha de Santos pela reeleição, no pleito marcado para 25 de maio ; poucos dias antes de se completarem 50 anos do surgimento das Farc. No entanto, a implementação de um possível tratado, que deve ser submetido a referendo popular, e a inserção efetiva dos guerrilheiros na política institucional se anunciam como um processo longo e complexo.
Os entendimentos, mediados por Cuba, Venezuela, Chile e Noruega, já avançaram sobre dois dos cinco itens da agenda fixada em fins de 2012 (leia o quadro). No início de novembro último, as partes chegaram a consenso sobre como deve se desenhar a participação política dos guerrilheiros, após a desmobilização. O acordo prevê direitos e garantias de segurança para eles, além de mecanismos democráticos de atuação e acesso aos meios de comunicação. Embora as conversações já tenham avançado sobre o tema, a aplicação do combinado depende da conclusão de todo o processo de negociação e está especialmente vinculado a outro tema crucial: o acerto de contas da guerrilha com a Justiça.
Héctor Saint-Pierre, especialista em conflitos armados da Universidade Estadual Paulista (Unesp), avalia que os colombianos terão de escolher entre a justiça imediata, com conturbação política, e uma transição política pacífica, com a postergação da punição aos guerrilheiros pelos crimes cometidos. ;Todos os povos têm direito à sua história e a que se cumpra a justiça. Mas, do ponto de vista político, talvez o melhor seja, por enquanto, uma amnésia circunstancial para esperar o momento mais adequado, em que as paixões decaiam, para se fazer uma justiça tranquila;, pondera.
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