O argentino disse estar orgulhoso por ter sido contratado como membro da tripulação do navio do Greenpeace: "É como se chamassem um jogador de futebol para jogar na seleção", comparou. Os dois ativistas disseram que não se arrependem pelo que fizeram, mas concordaram que passaram por "três meses difíceis" na Rússia. "Passa de tudo na sua cabeça. Você fica com medo, angustiado", afirmou Perez Orsi.
Speziale, por sua vez, disse que, em relação às condições físicas, foi muito bem tratada, mas denunciou "o dano psicológico do isolamento, somado a um forte sentimento de injustiça. Todo mundo sabia que éramos completamente inocentes. Fui sequestrada ilegalmente em águas internacionais, não na Rússia. Aceitamos a anistia porque era a única forma que tínhamos para voltar", argumentou a jovem.
Os ativistas também exigem a devolução do navio da ONG, o "Arctic Sunrise", onde eram membros da tripulação, juntamente com outros 28 ambientalistas de diferentes nacionalidades, incluindo quatro russos. O "Arctic Sunrise", de bandeira holandesa, foi apreendido em 19 de setembro por um comando russo em um helicóptero, após parte de sua tripulação realizar uma ação contra uma plataforma de petróleo da empresa Gazprom no Ártico, para denunciar os riscos ambientais deste tipo de exploração.
Condenados em primeira instância por pirataria - um crime que pode ser punido com até 15 anos de prisão -, os militantes também foram acusados de vandalismo, crime cuja pena pode chegar a até sete anos de detenção. Após um período em Murmansk (no noroeste da Rússia), os membros da tripulação foram transferidos para São Petersburgo, antes de serem anistiados na semana passada, graças a uma nova lei aprovada pelo Parlamento russo.
Doze vencedores do Prêmio Nobel da Paz haviam pedido ao presidente russo, Vladimir Putin, a libertação dos ativistas. Além disso, houve centenas de protestos em favor dos membros do Greenpeace pelo mundo.