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Seis ativistas do Greenpeace deixam a Rússia 100 dias após detenção

Os seis ativistas são Anthony Perrett, Phil Ball, Iain Rogers, Alex Harris, Kieron Bryan e Alexandre Paul. "Saímos da Rússia, acabou, somos, por fim, completamente livres", declarou Alexandra Harris

São Petersburgo - Seis ativistas do Greenpeace anistiados, cinco britânicos e um canadense, partiram nesta sexta-feira (27/12) da Rússia rumo a Paris, 100 dias depois de terem sido presos junto com outros 24 membros da tripulação de um barco da organização ecologista que realizava uma ação de protesto no Ártico.

"Um avião a bordo do qual viajavam cinco britânicos e um canadense decolou pouco depois das 11h30 (05h30 de Brasília) do aeroporto de São Petersburgo", indicou o Greenpeace em um comunicado. Um pouco mais tarde, um porta-voz informou que o avião se dirigia a Paris.

Os seis ativistas são Anthony Perrett, Phil Ball, Iain Rogers, Alex Harris, Kieron Bryan e Alexandre Paul. "Saímos da Rússia, acabou, somos, por fim, completamente livres", declarou Alexandra Harris, citada em um comunicado do Greenpeace.Agradecendo às pessoas que os apoiaram, Harris prometeu que seguirá lutando pelo Ártico.

No total, 14 tripulantes, entre eles a ativista brasileira Ana Paula Maciel, receberam seu visto na quinta-feira, e os demais obterão o documento nesta sexta.



Na noite de quinta-feira, o sueco-americano de origem russa Dmitri Litvinov deixou a Rússia a bordo de um trem com destino à Finlândia, depois de ter obtido um visto para sair do território russo.

Citado em um comunicado do Greenpeace, Litvinov disse não lamentar o que havia feito.

Litvinov também declarou estar triste pelo fato de o Ártico não ter podido ser salvo. Na semana passada, o gigante russo Gazprom anunciou que começou a extrair petróleo na plataforma contra a qual o Greenpeace protestava.

Os 30 membros da tripulação do barco do Greenpeace Artic Sunrise foram presos no fim de setembro após uma ação de protesto contra uma plataforma petroleira no Ártico para denunciar os riscos da exploração de hidrocarbonetos na região.

Acusados em um primeiro momento de pirataria, um crime punido com até 15 anos de prisão, os militantes finalmente foram acusados de vandalismo, castigado com uma pena de até sete anos de prisão.

Depois de um período de detenção em Murmansk (noroeste), os membros da tripulação foram levados para São Petersburgo antes de serem anistiados na semana passada, graças à nova lei do Parlamento russo por ocasião do 20; aniversário da Constituição.

Após ter posto fim oficialmente às ações judiciais contra os militantes do Greenpeace, a Rússia começou a entregar, na quinta-feira, os vistos àqueles que não têm nacionalidade russa.

Detidos em alto-mar por um comando de forças russas, os ativistas não tinham visto de entrada ao território russo, o que também os impedia de deixar o país.

Segundo um comunicado do Greenpeace, outros ativistas - entre eles o capitão do barco, Peter Willcox - partirão da Rússia nesta sexta-feira. A ONG ainda espera que os investigadores russos devolvam todos os equipamentos apreendidos durante a operação, assim como o navio Artic Sunrise, que se encontra no porto de Murmansk.

A anistia da qual se beneficiaram os militantes do Greenpeace é vista como uma tentativa do Kremlin de melhorar a imagem da Rússia com vistas aos Jogos Olímpicos de Inverno de Sóchi, que serão disputados em fevereiro de 2014.