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Mais de 70 mil pessoas enfrentam frio para celebrar o Natal com o papa

"Bom dia, Feliz Natal", foram as primeiras palavras do pontífice, que falou em italiano e evitou pronunciar a bênção em sessenta idiomas



Vaticano - Uma multidão alegre e variada, em meio à qual se destacaram muitos latino-americanos, festejou nesta quarta-feira, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o primeiro Natal de Francisco, o Papa que denuncia guerras e injustiças.

Desde cedo lotada de peregrinos de várias nacionalidades para acompanhar a tradicional mensagem "Urbi et Orbi", para a cidade e o mundo, a imensa esplanada era um lugar ruidoso e festivo, onde bandeiras da Argentina se destacavam em meio às mais de 70 mil pessoas que desafiavam o frio e o céu nublado para assistir à bênção natalina.

Ao meio-dia em ponto, quando Francisco apareceu na sacada central da Basílica de São Pedro, a mesma de onde há nove meses ele se apresentou como o Papa vindo "do fim do mundo", um longo aplauso o acolheu.

"Bom dia, Feliz Natal", foram as primeiras palavras do pontífice, que falou em italiano e evitou pronunciar a bênção em sessenta idiomas, uma tradição iniciada no longo papado de João Paulo II e respeitada pelo emérito Bento XVI.

A voz do primeiro pontífice latino-americano e sua curta mensagem, transmitida nos telões instalados em vários cantos da praça, pareciam dirigidas diretamente ao coração de seus compatriotas ali presentes.

[SAIBAMAIS]

"É uma pena saber que há tantas vítimas de guerra, mas que bom que denuncie o drama das crianças soldados", disse a jovem argentina Gloria Ramírez, que chegou acompanhada da família, vinda de Buenos Aires, para ver o primeiro Natal do Papa portenho.

A família Ramírez, que levava uma garrafa térmica com água quente, brindou em plena praça com chimarrão, a famosa infusão que o primeiro Papa latino-americano tanto aprecia e que há alguns dias chegou a aceitar com agrado de um peregrino que lhe ofereceu durante uma audiência na Praça de São Pedro.

"Francisco, se sente, o Papa está presente"

Seiscentos estudantes do Colégio Internacional de Michigan, nos Estados Unidos, de 13 a 18 anos, vestidos com uniforme de gala e sentados nas primeiras filas, entre eles muitos provenientes de países hispânicos, diziam em inglês e espanhol: "Francisco, se sente, o Papa está presente" e "Esta é a juventude do Papa".

"Sabemos que estar aqui é um privilégio e que há crianças que não ganham nem presentes de Natal", disse um deles.

Para o panamenho Cristóbal Gómez Gutiérrez, de 18 anos, entrevistado pela TV colombiana, o Papa "não é um homem de espetáculo, mas quer que sejamos mais sensíveis para que ninguém se sinta marginalizado".

A mensagem de Francisco "contra as guerras que geram ódio e vingança" e seu pedido para que não se esqueçam "das crianças sequestradas, feridas, assassinadas em conflitos armados, que se veem obrigadas a se transformar em soldados, que têm a infância roubada" emocionou o colombiano René de Jesús Gómez.

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"As crianças são a esperança e não é justo usá-las para as guerras. Todos fomos crianças e todos temos direito à esperança. Os que vivemos um bom Natal no primeiro mundo temos que lembrar das crianças do último mundo", refletiu.

A bênção "Urbi et Orbi", que começou com os hinos da Itália e do Vaticano, terminou com a música tocada por várias bandas, inclusive as da Gendarmeria do Vaticano e do exército italiano.