Juba - O exército do Sudão do Sul lutava nesta quarta-feira contra as forças rebeldes na cidade de Malakal, enquanto outras tropas governamentais expulsavam os últimos focos rebeldes da cidade estratégica de Bor, retomada na terça-feira, disse um ministro.
"Tomamos a cidade de Bor durante a noite, pouco antes do amanhecer, e nesta manhã prosseguem as operações contra alguns focos rebeldes na zona do aeroporto", declarou à AFP o ministro da Informação, Michael Makwei.
[SAIBAMAIS]"O exército os está expulsando... mas a maioria dos rebeldes que estavam na cidade fugiram", declarou o ministro, indicando que seu colega da Defesa, Kuol Manyang, lidera a operação em Bor, sua cidade natal.
Os combates prosseguem, no entanto, em Malakal, capital do estado petroleiro do Alto Nilo, embora o governo negue que tenha perdido o controle da cidade para os rebeldes.
"As forças do governo e os rebeldes lutam desde esta manhã em Malakal", acrescentou Makwei. "Não é verdade que os rebeldes a tenham tomado", acrescentou.
A reconquista de Bor, que os rebeldes tomaram aparentemente sem maior resistência, colocou fim a uma semana de ataques. Cerca de 17.000 civis fugiram em direção aos já sobrecarregados acampamentos administrados pela ONU.
Em relação aos mortos, o chefe da missão humanitária da ONU no Sudão do Sul estimou que eram milhares. "Não tenho nenhuma dúvida de que são milhares", afirmou o chefe da missão humanitária da ONU no país, Toby Lanzer, aos jornalistas.
A Alta Comissária da ONU encarregada dos Direitos Humanos, Navi Pillay, havia anunciado na terça-feira a descoberta de uma fossa comum em Bentiu, capital do estado petroleiro de Unidade (norte), e também sob controle rebelde.
"Descobrimos uma fossa comum em Bentiu, e haveria outras duas em Juba", a capital, ressaltou Pillay em um comunicado publicado em Genebra.
O Alto Comissariado afirmou em Genebra que foram encontrados 15 corpos na fossa comum e outros 20 perto de um rio, em um local um pouco mais distante da fossa comum.
Mas a missão da ONU em Juba mostrou-se mais cautelosa que Pillay: embora tenha confirmado a existência de 15 mortos, declarou que "estas atrocidades ainda estão sendo investigadas".
Por sua vez, o Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizou na noite de terça-feira o envio de quase 6.000 capacetes azuis suplementares para reforçar a missão da ONU no Sudão do Sul (Minuss) e poder proteger melhor os civis.
O Conselho adotou por unanimidade de seus 15 membros uma resolução que eleva o teto autorizado de efetivos militares da Minuss de 7.000 para 12.500 soldados. O número de policiais alcançará 1.323 homens, contra os 900 efetivos atuais.
A Minuss se converterá, assim, na terceira missão de manutenção da paz da ONU no mundo por número de capacetes azuis, atrás das missões da República Democrática do Congo e de Darfur.