Jornal Correio Braziliense

Mundo

Egito anuncia criação de comissão para investigar violência desde junho

Desde o golpe de Estado que derrubou Mursi, em 3 de julho, e que se seguiu às manifestações, o Egito se tornou palco de uma repressão sangrenta aos partidários islâmicos do ex-presidente

Cairo - O Egito anunciou neste domingo a criação de uma comissão encarregada de investigar os episódios de violência que assolaram o país desde 30 de junho, quando milhões de pessoas foram às ruas exigir a saída do então presidente Mohamed Mursi. Desde o golpe de Estado que derrubou Mursi, em 3 de julho, e que se seguiu às manifestações, o Egito se tornou palco de uma repressão sangrenta aos partidários islâmicos do ex-presidente e de uma onda de ataques por parte de grupos armados.

Leia mais notícias em Mundo


O presidente egípcio interino, Adly Mansur, emitiu um decreto neste domingo para formar "uma comissão independente (...) que investigará os incidentes que aconteceram desde 30 de junho", de acordo com a nota divulgada por seu gabinete.

O texto não fornece detalhes sobre a natureza dos "incidentes", nem sobre seus supostos autores.

A comissão, que será dirigida pelo juiz Fouad Ryad e composta por cinco pessoas, deverá apresentar suas conclusões em seis meses, acrescenta o comunicado.

Desde a saída de Mursi, seus partidários protestam para exigir sua volta ao poder, apesar da repressão que já deixou mais de mil mortos desde o início do verão, além de milhares de pessoas presas - islâmicos em sua maioria.

Em paralelo, islâmicos extremistas invadiram vários locais de culto, lojas e casas pertencentes aos coptas (cristãos no Egito) na província, e rebeldes lançaram ataques contra as forças de segurança na península do Sinai (leste).

ONGs egípcias e internacionais têm pedido investigações independentes sobre a campanha de repressão contra os islâmicos e, principalmente, sobre a trágica dispersão de partidários de Mursi, em dois acampamentos no Cairo, em 14 de agosto. "Até mil pessoas foram mortas", em 14 de agosto pelas forças de segurança, disseram várias dessas organizações em uma nota divulgada em 10 de dezembro passado. "O governo deveria estabelecer uma comissão verdadeiramente independente para investigar a responsabilidade na cadeia de comando", alertaram as ONGs, no mesmo texto.