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Premiê turco enfrenta crise política após escândalo de corrupção

Filhos de dois ministros próximos ao primeiro-ministro Erdogan que estão envolvidos tiveram a prisão preventiva decretada

Istambul - A justiça turca acusou e colocou sob prisão preventiva os filhos de dois ministros próximos ao primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan envolvidos no grande escândalo de corrupção que atinge o governo islamo-conservador a quatro meses das eleições municipais. Ao final de uma longa noite de audiências no palácio da justiça de Istambul, Baris Güler e Kaan Caglayan, os filhos dos ministros do Interior Muammer Güler e da Economia Zafer Caglayan, foram presos na manhã deste sábado, conforme requisitado pelos procuradores responsáveis pelo caso.


Os filhos do ministro do Meio Ambiente Erdogan Bayraktar, Abdullah Oguz Bayraktar, o magnata das obras públicas Ali Agaoglu, diretor do grupo homônimo, e o prefeito do distrito de Fatih, Mustafa Demir, membro do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) no poder, foram deixados em liberdade enquanto aguardam julgamento.

Este segundo grupo de personalidades é suspeito de corrupção em diferentes casos relacionados ao mercado imobiliário.

A quatro meses das eleições municipais, esta operação provocou uma verdadeira tempestade política na Turquia e colocou em uma posição muito incômoda Erdogan, que fez da luta anticorrupção um de seus estandartes.

Na sexta-feira, Erdogan deu prosseguimento à onda de expurgos na polícia sancionando 17 novos funcionários de alto escalão da polícia. O premiê acusa os cerca de 50 oficiais afastados de suas funções desde terça-feira de "abuso de poder".

Como tinha feito durante a revolta anti-governo que abalou o país em junho, o primeiro-ministro evocou uma "operação suja", obra, segundo ele, de um "Estado dentro do Estado" que quer manchar seu governo islamita moderado, no poder desde 2002.

Sexta-feira à noite, durante o encerramento dos debates no Parlamento sobre o orçamento 2014, o vice-primeiro-ministro Bülent Arinç denunciou por sua vez "uma campanha de linchamento contra o governo".

Demissões

"Nós não merecíamos isso. Quem mais do que nós lutou de maneira tão determinada contra a corrupção?", lançou aos membros da oposição que o vaiavam. "Estamos diante de uma conspiração repugnante", acrescentou o ministro dos Assuntos Europeus, Egemen Bagis, cujo nome também foi mencionado por alguns meios de comunicação envolvido na corrupção.

Nem o chefe do governo, nem seus ministros, citaram os nomes dos responsáveis por esta "conspiração". Mas todos os observadores concordam que a poderosa fraternidade do pregador muçulmano Fethullah Gülen, muito influente na polícia e no judiciário, poderia estar por trás das denúncias.

Aliada do AKP desde sua chegado ao poder em 2002, a organização trava uma guerra contra o governo por causa de um projeto de abolição das escolas privadas, o que ilustra as divergências no poder.

Há quatro dias, a imprensa turca expõe os detalhes deste caso.

O presidente do principal partido da oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP), exigiu mais uma vez na sexta-feira a renúncia de Erdogan, chamado-o de "ditador". "A Turquia precisa de uma política e de uma sociedade própria", declarou Kemal Kiliçdaroglu.

O ex-ministro da Cultura e deputado pelo AKP Ertugrul Günay questionou, assim como a oposição, a questão do futuro político dos ministros cujos filhos foram acusados. "As pessoas referidas nos encargos deveriam ter renunciado", considerou em sua conta no Twitter.

Para limitar o custo político do escândalo, Erdogan poderia se livrar desses ministros durante a remodelação governamental anunciada para antes do final do mês, planejada para substituir os ministros candidatos às eleições, de acordo com fontes próximas ao governo.

Os círculos econômicos e financeiros turcos também expressaram preocupação. Já enfraquecida pelo mercado financeiro, a moeda turca atingiu um recorde de baixa na sexta-feira a ; 2.089 por dólar.