Bruxelas - A França obteve nesta sexta-feira (20/12) um tímido compromisso dos demais países europeus na República Centro-Africana, onde a União Europeia pode lançar em 2014 uma missão de apoio, sem financiar diretamente a operação francesa. Após dois dias de discussões em Bruxelas, o presidente francês François Hollande declarou estar satisfeito com a resposta de seus colegas em relação ao caso.
Enquanto a situação parecia tranquila no centro da cidade, estes incidentes, juntamente com rumores de confrontos noturnos no aeroporto, resultaram em uma diminuição notável do movimento nas principais estradas e avenidas. Pouco antes do meio-dia, o bairro Combattant, perto do aeroporto e palco de vários massacres nas últimas duas semanas, estava deserto. Por várias horas durante a noite, "houve tiros de armas automáticas (...) na bise militar do aeroporto. A situação é confusa", indicou à AFP uma fonte militar francesa.
Questionado pela AFP, um oficial da Misca citou feridos entre seus homens, sem mais detalhes. "A situação é volátil desde ontem à noite" e "nada é simples", se limitou a dizer um porta-voz da operação francesa Sangaris. O aeroporto de Mpoko abriga os acampamentos dos militares franceses da Sangaris (1.600 homens) e dos diferentes contingentes da Misca, mobilizados para restabelecer a segurança na República Centro-Africana. Dezena de descolados - em sua maioria cristãos - fugiram da violência religiosa na cidade e vivem na maior desordem e de forma precária.
A República Centro-Africana está em conflito desde que a coalizão rebelde Seleka, majoritariamente muçulmana, derrubou o presidente François Bozizé no mês de março. Um governo de transição liderado por um ex-rebelde perdeu o controle do país e grupos rivais, cristãos e muçulmanos, iniciaram uma série de confrontos extremamente violentos. Desde 5 de dezembro, os massacres entre cristãos e muçulmanos fizeram quase mil mortos no país, segundo o último balanço da Anistia Internacional.
A maioria das vítimas foram mortas em Bangui, por membros da Seleka, mas também na província, onde atuam milícias de autodefesa de vilarejos cristãos "anti-balaka", segundo a Anistia. Após a autorização da ONU, o exército francês lançou uma operação de apoio a uma força africana já presente com 3.700 militares. Ruanda declarou nesta sexta-feira que também irá participar da missão