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Khodorkovsky deixa a prisão após indulto de Putin e viaja para Alemanha

Horas depois da libertação, o ex-magnata embarcou em um voo para a Alemanha, segundo o serviço penitenciário russo

Moscou - O ex-magnata do petróleo e opositor russo Mikhail Khodorkovsky saiu nesta sexta-feira (20/12) da prisão, depois de mais de 10 anos de detenção, graças a um indulto presidencial, e viajou rapidamente para a Alemanha. O ex-presidente do grupo Yukos, que já foi o homem mais rico da Rússia, saiu discretamente do campo de detenção na cidade de Segezha, na região de Carelia (noroeste), e não foi possível obter imagens.



[SAIBAMAIS]"Esta conversa, que aconteceu sem a presença de seus advogados, obrigou Khodorkovsky a escrever ao presidente", completa o Kommersant. Khodorkovsky, 50 anos, foi detido em 2003 e condenado em 2005 a oito anos de prisão por "falta de pagamento e fraude fiscal". Ao lado dele foi condenado seu colega Planton Lebedev. Em 2010, ao fim de um segundo julgamento por "roubo de petróleo e lavagem de dinheiro" de 23,5 bilhões de dólares, Khodorkovsky recebeu pena adicional de seis anos, o que levou a condenação a 14 anos.

A condenação foi posteriormente reduzida em duas ocasiões, para 11 anos, o que deixava a data de libertação do ex-presidente do grupo Yukos em agosto de 2014. O mais rebelde dos oligarcas surgidos nos anos 90, e que foi o homem mais rico da Rússia, caiu em desgraça depois da chegada de Putin ao Kremlin. Segundo economistas e analistas políticos, o Kremlin busca com a libertação melhorar sua imagem antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em fevereiro de 2014.

Ao mesmo tempo, não acreditam que a libertação vai mudar radicalmente o clima do mundo dos negócios na Rússia. "É um sinal muito importante", disse o economista Sergei Guriev, coautor de um relatório muito crítico da segunda condenação de Khodorkovsky em 2010. Depois de muitas pressões, ele se mudou para a França. "Em si não mudará nada, mas dará esperanças aos investidores", disse Guliev à AFP.

O jornal econômico Vedomosti considera a iniciativa um "trunfo" que Putin tirou da manga em um momento crítico. "Pessoalmente, Khodorkovsky já não representa uma ameaça para o sistema", afirma, antes de apontar que a libertação "não vai curar as feridas infligidas à economia e a sociedade há 10 anos. Os investimentos não vão retornar, as empresas que foram fechadas ou que não foram criadas não retornarão. Os que emigraram não virão", afirma o Vedomosti. O principal sócio de Khodorkovsky, Platon Lebedev, condenado ao seu lado, deve deixar a prisão em maio de 2014. O advogado do réu afirmou que pretende abordar com o cliente a possibilidade de também pedir o indulto.