Damasco - O corpo do médico britânico que morreu em uma prisão na Síria será transferido, "no mais tardar, sexta-feira (19/12)" para a embaixada de seu país em Beirute, anunciou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores Fayçal Moqdad em uma entrevista exclusiva à AFP.
"A pedido da família, as autoridades sírias e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) realizam uma última necropsia para determinar as causas da morte de Abbas Khan", indicou.
"Quando o procedimento terminar, o corpo será transferido para o Líbano pelo CICV para ser entregue à embaixada da Grã-Bretanha em Beirute", afirmou Moqdad. "Isso será feito, se possível, hoje ou, no mais tardar, amanhã", acrescentou.
O regime sírio, acusado por Londres de ser responsável pela morte do médico preso há mais de um ano, defendeu-se das acusações afirmando que ele "se enforcou" na cela em que era mantido por ter sido acusado de "atividades não autorizadas".
O londrino Abbas Khan, um cirurgião ortopedista de 32 anos, tinha sido detido em novembro de 2012 em Aleppo, norte da Síria, para onde tinha ido com o objetivo de ajudar no atendimento a civis feridos.
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Uma autoridade do governo britânico acusou na terça-feira o governo sírio de ter assassinado o médico, e uma ONG síria também afirmou que Damasco era responsável pela morte provocada "por tortura".
"A causa da morte é uma asfixia por enforcamento", concluiu um exame médico oficial, indicando que o dr. Khan cometeu suicídio e que o "corpo não apresentava marcas de violência". Moqdad declarou que o presidente Bashar al-Assad tinha decidido anistiar o médico e que a sua libertação já estava sendo planejada.
"Eu estava preparando a libertação do dr. Khan para o dia 20 ou 21 quando recebi uma ligação informando que ele estava morto", assegurou Moqdad. Segundo ele, o médico, mantido por dois meses na prisão de Adra, na província de Damasco, foi transferido para um "centro de segurança" à espera de seu julgamento, durante o qual deveria ser anistiado.
"Eu perguntei como ele tinha morrido, e me responderam que ele foi encontrado enforcado na porta de sua cela com seu pijama", explicou. Rejeitando as acusações de Londres, Moqdad assegurou que o dr. Khan "foi bem tratado na prisão".
"Se quiséssemos fazer mal a ele, teríamos feito um mês, três meses, dez meses após a sua prisão", e não depois, quando ele estava prestes a ser libertado, insistiu Moqdad. A organização não-governamental Human Aid UK, para a qual o médico trabalhava, considera "inconcebível" que esse pai de dois filhos tenha tirado a própria vida quando estava prestes a ser libertado.