Por último, Yanukovich denunciou a ingerência dos líderes de potências ocidentais que saíram ao encontro de manifestantes opositores em Kiev. "Oponho-me categoricamente a que outros venham ao nosso país e nos ensinem como devemos viver", declarou à televisão, depois que líderes da UE e dos Estados Unidos, como o senador John McCain, saíram ao encontro de manifestantes em Kiev. O presidente respondeu, desta forma, às críticas da oposição.
Timoshenko havia estimado na quarta-feira que "Yanukovich colocou a Ucrânia sob o controle político, militar, energético, econômico e financeiro da Rússia", tornando impossível assinar um acordo de associação com a UE.
Os responsáveis pela UE se mostraram mais moderados na quarta-feira, um dia após a visita de Yanukovich ao seu colega russo Vladimir Putin, e do anúncio dos acordos no Kremlin. Mediante estes acordos, a Rússia concede 15 bilhões de dólares à Ucrânia comprando obrigações ucranianas, baixa em um terço o preço do gás vendido ao país, em nível preferencial reservado a alguns países da ex-União Soviética, e levanta os obstáculos ao comércio impostos nos últimos meses.
Para assinar o acordo de associação com a UE, a Ucrânia precisaria aceitar as condições do Fundo Monetário Internacional, como o aumento dos preços do gás para os particulares, a desvalorização da moeda nacional e o congelamento dos salários, além de continuar comprando gás a preços elevados.
[SAIBAMAIS]A presidência lituana da UE considerou que o acordo assinado entre Ucrânia e Rússia era "uma solução temporária" e só adia uma crise iminente, sem enfrentar os desafios no longo prazo. Os Estados Unidos apontaram ao governo ucraniano que o acordo com Moscou não acalmará "as preocupações dos que se reuniram para protestar em toda a Ucrânia".
Putin, por sua vez, explicou nesta quinta-feira que a Rússia ajuda a Ucrânia como "país irmão e povo irmão", em sua coletiva de imprensa anual.
"Dizemos com frequência que é um povo irmão, um país irmão, então devemos agir como parentes próximos e apoiar o povo ucraniano, que se encontra em uma situação difícil", acrescentou Putin.
O presidente russo afirmou que "nunca ninguém tentou asfixiar seu vizinho", em resposta a uma pergunta sobre a suposta pressão que a Rússia teria exercido sobre Kiev para impedir a assinatura de um acordo de associação com a UE. "Não temos nada contra este acordo, só dizemos que então teremos que defender nossa economia", declarou Putin.
A UE acusou Putin de ter pressionado Kiev para impedir a assinatura deste acordo histórico.