"Por razões de segurança, a abertura da festa na presença dos três presidentes foi cancelada", disse à AFP Mohamed Jaleli, organizador das comemorações oficiais do "Festival Internacional da Revolução de 17 de Dezembro".
Durante as cerimônias do ano passado, alguns participantes atiraram pedras contra os líderes da Tunísia. Desde o início da manhã desta terça-feira, os manifestantes começaram a se reunir em frente à sede do governador regional, onde Buazizi se imolou provocando um movimento que desencadeou uma onda de protestos que resultou na derrubada de Zine El Abidine Ben Ali, em 14 de janeiro de 2011.
Os países da região foram contagiados pela indignação e pela mobilização. Contudo, a pobreza persistente continua a ser a principal razão de sua insatisfação.
A Tunísia também é o país com a maior taxa de desemprego, atingindo 24,4% da população ativa e 57,1% dos diplomados. "Nenhum dos vários governos dos últimos três anos conseguiram melhorar as condições econômicas dos homens e mulheres" do país, escreveu o jornal La Presse.
Na capital Tunis não há previsão de alguma celebração, mas manifestações foram convocadas pela internet. O Ansar Asharia, um movimento jihadista proibido que é acusado de ataques contra as forças da tunisianas e do assassinato de dois opositores este ano, também convocou um protesto.
Os islamitas do partido Ennahda, que chegou ao poder após as eleições de outubro de 2011, são frequentemente acusados de frouxidão, ou mesmo cumplicidade, com grupos jihadistas.
[SAIBAMAIS]O aniversário da revolta também acontece em um contexto político complexo. Após dois meses de negociações e apesar da rejeição da oposição, o ministro da Indústria, o independente Mehdi Jomaa, foi nomeado no sábado como o sucessor de Ali Larayedh para o cargo de primeiro-ministro.
Na quarta-feira será decidido o cronograma da posse do novo primeiro-ministro, que deve preparar eleições antecipadas em 2014 e tirar o país da profunda crise política, embora ainda não haja uma nova Constituição.
Mas, apesar da crise política, do surgimento de grupos jihadistas e os profundos problemas econômicos e sociais, a Tunísia não afundou na violência e repressão, assim como em outros países da "Primavera Árabe".
"A Tunísia é atualmente a experiência mais avançada (da "Primavera Árabe"). Nada permite mostrar que existe uma instabilidade real", considera François Burgat, do Instituto de Pesquisa e Estudos sobre o Mundo Árabe e Muçulmano.