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AI denuncia persistência de abusos dos direitos humanos na China

Um relatório da ONU divulgado em 2009 calculava em 190 mil o número de pessoas detidas pelo sistema

Pequim - A abolição dos campos de reeducação pelo trabalho na China, prometida em meados de novembro por Pequim, pode ser apenas uma medida "cosmética", enquanto prosseguem as detenções arbitrárias, advertiu a ONG Anistia Internacional (AI). Prisões ilegais, campos de reabilitação para toxicômanos e outros locais continuarão servindo para encarcerar cidadãos sem decisões da justiça, afirma a ONG em um relatório.

O sistema de campos de reeducação pelo trabalho, criado em 1957, permite deter pessoas por até quatro anos por simples decisão policial. A medida é muito utilizada pelas autoridades locais para controlar os manifestantes, os internautas que denunciam o sistema e até mesmo contra "peticionários", que solicitam reparações por prejuízos sofridos.



[SAIBAMAIS]Um relatório da ONU divulgado em 2009 calculava em 190 mil o número de pessoas detidas pelo sistema. O governo chinês anunciou no mês passado o fim dos campos após uma reunião plenária do Partido Comunista, decisão elogiada pela Anistia Internacional, que considerou a mesma "um inegável progresso".

A ONG, no entanto, lamentou que o anúncio tenha acontecido no momento em que "os defensores dos direitos humanos, os promotores da democracia e outros militantes políticos são objeto de progressivos ataques, detenção sob a acusação de supostos crimes, detenções ilegais ou administrativas".