A Austrália deu o sinal verde, nesta terça-feira (10/12), para a grande expansão de um porto de carvão do grupo indiano Adani na costa da Grande Barreira de Corais, subordinado ao que chamou de algumas das condições ambientais mais estritas adotadas no país. Apesar das garantias governamentais, grupos ambientalistas condenaram a medida.
O ministro do Meio Ambiente, Greg Hunt, disse ter apresentado 95 restrições ao desenvolvimento em águas profundas do porto Abbot Point, no norte do estado de Queensland, incluindo uma limitação à dragagem no leito marinho de três milhões de metros cúbicos ao invés dos 38 milhões de metros cúbicos pretendidos.
"Como ministro do Meio Ambiente, uma das minhas responsabilidades é assegurar o desenvolvimento ecologicamente sustentável e manter a saúde da Grande Barreira de Corais", afirmou Hunt em um comunicado no qual anunciou a aprovação.
"Algumas das condições mais rígidas da história da Austrália foram adotadas nestes projetos para assegurar que qualquer impacto seja evitado, mitigado ou compensado", acrescentou.
Mas a aprovação foi criticada por ambientalistas e o Partido Verde acusou o governo conservador de estar em "negação climática".
"(O primeiro-ministro) Tony Abbott e Greg Hunt se arriscam em colocar a Grande Barreira de Corais na lista de Patrimônio Mundial (da Unesco) Ameaçado. É um golpe para o recife, para o turismo e para os empregos", tuitou a líder dos verdes, Christine Milne.
A expansão proposta pelo grupo Adani em Abbot Point aumentará a capacidade de exportação do porto em 70%, apesar da diminuição da demanda com a desaceleração da China e o ingresso de fontes extra na cadeia, o que tem reduzido o preço do carvão em cerca de 20% desde 2010.
As condicionantes requerem que o sedimento que entrar no parque marinho da Barreira de Corais seja reduzido em 150% no longo prazo - o que representará um benefício para a qualidade da água - e que Aus$89 milhões (US$ 81 milhões) sejam usados em programas de preservação dos corais, bem como medidas específicas sejam observadas para proteger a flora e a fauna marinhas, afirmou Hunt.
Separadamente, Hunt disse ter aprovado uma grande usina de gás natural liquefeito e um duto de transmissão em Curtis Island, que também fica na área do parque marinho, para a companhia australiana Arrow Energy, com o estabelecimento de 53 condicionantes ambientais.
Ele reforçou que a saúde do recife foi um fator chave para suas considerações, estando Canberra ciente de que a Unesco pode debater uma redução de perfil da barreira no ano que caso não seja tomada uma ação para limitar o galopante desenvolvimento costeiro.