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Eleições municipais venezuelanas decidem futuro político no país de Maduro

As eleições de domingo (8/12) será apenas sete meses depois de Nicolás Maduro ter levado a Presidência do país com uma vantagem apertada

Nicolás Maduro enfrenta no domingo eleições municipais - elevadas pela oposição à categoria de referendo sobre seu governo - apenas sete meses depois de ter levado a Presidência do país com uma vantagem apertada.

O herdeiro de Hugo Chávez, em queda nas pesquisas até outubro, assumiu o desafio -sem nunca ter aceitado o caráter plebiscitário- e depois de se definir como "presidente justiceiro", lançou uma ofensiva que obrigou os comerciantes a baixarem os preços de vários produtos, ameaçando prender quem desrespeitasse.

Pesquisas às quais a AFP teve acesso detectaram que as medidas populistas, que apontam basicamente para a classe média, tinham contido a queda das intenções de voto nos candidatos governistas, chegando inclusive a reverter a tendência.

"Maduro aparece governando, pela primeira vez. Agora, acompanha o discurso com ação, é visto como um presidente, que pode estar atuando de uma maneira como talvez você não goste, mas que segura o touro pelos chifres", explica à AFP o cientista político Luis Vicente León.

Em 2013, a Venezuela registrou inflação de 54%, escassez pontual de bens básicos e incerteza que pressionava o dólar no mercado paralelo, onde chegou a se cotado a um valor nove vezes maior do que o oficial. "E vemos o paradoxo mais louco: quem tira vantagem da crise é Maduro", acrescenta Léon.

"O que acontece no aspecto econômico vai ter muito mais peso (...), com o crescimento da confiança nos líderes políticos", considera Miguel Velarde, diretor da consultoria Alpha Politikos, consultado na quinta pelo jornal El Mundo.

Una vitória do governo --concordam analistas-- confirmará a legitimidade do presidente, questionada pelos opositores desde a sua eleição, em abril, levando o país a uma polarização extrema.



Encruzilhada opositora

Mas este processo eleitoral também é uma prova de fogo para uma oposição multipartidária que há anos busca caminhos para enfrentar a hegemonia do processo iniciado em 1999 por Chávez.

Foi a oposição que apresentou a ideia do caráter decisivo para o destino venezuelano das 337 eleições para prefeituras que têm como atribuições não muito mais do que a coleta de lixo, a iluminação pública e parte da segurança.

O líder opositor, Henrique Capriles --que perdeu as eleições presidenciais de abril por apenas 1,5% dos votos-- insiste que estas eleições são fundamentais para o futuro do país.

"Neste momento histórico que o país vive, é obrigatório votar no domingo. Temos que ser disciplinados com nosso sentimento de mudança e expressá-lo de forma contundente", disse Capriles na quarta, em um dos últimos atos de campanha no estado de Falcón.

As grandes batalhas serão travadas pelas joias da coroa: a super-prefeitura de Caracas Metropolitana e a petroleira Maracaibo, segunda cidade do país.

Na Metropolitana de Caracas (2,4 milhões de eleitores), o opositor Antonio Ledezma tenta a sua reeleição -em uma batalha de difícil prognóstico-- contra o jornalista Ernesto Villegas, que há alguns meses era ministro da Comunicação.

Mais difícil para os opositores é a situação em Maracaibo, onde a prefeita Eveling Trejo --candidata designada sem primárias e esposa do ex-governador e antichavista exilado Manuel Rosales-- aparece em desvantagem contra o jovem Miguel Pérez Pirela.

Apesar do clima de batalha, o governo rejeita a ideia de plebiscito. O ministro das Relações Exteriores Elías Jaua explicou que os governistas estão batalhando "para que o presidente possa contar com prefeitos que o ajudem a consolidar e a transformar a vida das pessoas".