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Kerry pede para que israelenses e palestinos se inspirem em Mandela

"Diante dos desafios que virão nos próximos meses, nós devemos nos lembrar do exemplo de Nelson Mandela, não apenas de suas palavras, mas de suas ações", declarou Kerry

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta sexta-feira (6/12) que israelenses e palestinos sigam o exemplo de Mandela, ao considerar que jamais estiveram tão perto da paz em muitos anos, durante uma nova missão no Oriente Médio.

"Diante dos desafios que virão nos próximos meses, nós devemos nos lembrar do exemplo de Nelson Mandela, não apenas de suas palavras, mas de suas ações", declarou Kerry aos jornalistas que viajavam com sua delegação, criticando "os pessimistas que se equivocam ao acreditar que a paz nesta região é um objetivo impossível".

"Creio que estamos mais perto do que nunca estivemos em anos para trazer a paz, a prosperidade e a segurança que todas as pessoas desta região merecem", assegurou o secretário, antes de pegar o voo de volta para Washington.

Nesta última visita, Kerry se reuniu com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pela terceira vez em dois dias, e com o presidente palestino, Mahmud Abbas.

"Está claro que o presidente Mahmud Abbas e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu continuam mais decididos do que nunca a seguir por este caminho e explorar todas as possibilidades, porque ambas as partes têm o mesmo objetivo: duas nações para dois povos vivendo um junto do outro em paz e prosperidade", assegurou Kerry.

"Mas nem a paz nem a prosperidade são possíveis sem segurança, e os Estados Unidos só apoiarão um acordo sobre o status final que traga mais segurança aos israelenses e palestinos", alertou.



"O compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Israel é de concreto armado", ressaltou o secretário de Estado, que afirmou estar convencido de que "Israel está mais seguro" após o acordo sobre o programa nuclear do Irã, concluído em Genebra, entre as grandes potências e a República Islâmica.

Netanyahu se opõe com veemência a este acordo, mas Kerry saudou o fato de o primeiro-ministro israelense ter tido uma postura "extremamente construtiva e ter trabalhado com a gente sobre os próximos passos."

O chefe da diplomacia americana, que realizou sua oitava viagem ao Oriente Médio desde março, se reuniu por duas horas e meia com Netanyahu em um hotel de Jerusalém nesta sexta-feira.

Quinta-feira, ele já havia assegurado ao primeiro-ministro israelense que a segurança de Israel é uma prioridade, tanto na questão nuclear iraniana quanto no frágil processo de paz com os palestinos.

Após mais de três horas de discussões no gabinete do primeiro-ministro em Jerusalém, Kerry foi a Ramallah, na Cisjordânia, onde discutiu com o presidente palestino Mahmud Abbas "a segurança na região, a segurança para o Estado de Israel e a segurança para a futura Palestina".

A diplomacia americana apresentou a seus interlocutores israelenses e palestinos suas "ideias" e "propostas" em matéria de segurança, principalmente para a Cisjordânia, em caso de criação de um Estado palestino.

Mas são "ideias muito ruins que não podemos aceitar", respondeu quinta-feira à noite uma autoridade palestina.

Netanyahu exige que um futuro Estado palestino seja desmilitarizado e que Israel possa manter uma presença militar de longo prazo no Vale do Jordão, ao longo da fronteira com a Jordânia.

Os palestinos rejeitam qualquer presença militar israelense em seu território após um acordo de paz, mas aceitam uma força internacional, uma opção rejeitada por Israel.

O jornal israelense Maariv, citando uma fonte diplomática envolvida nas discussões sobre segurança, disse nesta sexta-feira que a proposta americana se aproxima "substancialmente das demandas israelenses".

"Os americanos aceitaram a posição de Israel sobre uma presença (militar) de longo prazo no Vale do Jordão", escreveu o Maariv.

Apesar de o chefe da diplomacia americana, que conseguiu relançar as negociações de paz no final de julho, afirmar que foram registrados "progressos", o chefe da delegação palestina nas negociações de paz, Saeb Erakat, afirmou quinta-feira à AFP que "a situação segue muito difícil e complicada".