O governo conservador-liberal britânico anunciou nesta quinta-feira (5/12) a nova idade da aposentadoria, que passa a ser de 69 anos, e novos cortes de 1 bilhão de libras, embora o país vá crescer mais do que o previsto.
"É uma das decisões difíceis que um governo deve tomar, se quiser controlar a sério as finanças públicas", disse o ministro das Finanças, George Osborne, no Parlamento, ao anunciar que a idade de aposentadoria no final dos anos 2040 será de 69 anos, em vez dos 65 atuais.
A mudança será feita progressivamente e, na década de 2030, passará para 68 anos. A data anterior prevista para isso acontecer era 2046. O calendário definitivo ainda será divulgado.
Osborne fez esse anúncio no tradicional discurso econômico de outono (hemisfério norte) no Parlamento.
O adiamento da aposentadoria e as medidas da reforma anterior anunciada em 2011 possibilitarão uma economia de 500 bilhões de libras (um pouco mais dos que 600 bilhões de euros, 817 bilhões de dólares) para os cofres públicos.
As pensões do Estado britânico não ultrapassam as 475 libras por mês (570 euros, 776 dólares), um valor bastante baixo, levando-se em conta o custo de vida que leva muitos trabalhadores a também contratar um fundo de pensões privado.
"Os jovens de hoje terão que se arrebentar de tanto trabalhar", reagiu a Confederação Congresso de Sindicatos (TUC, na sigla em inglês).
Osborne disse ainda que o crescimento em 2013 será 1,4%, e não 0,6%, como se previu em março, e 2,4% em 2014, seis décimos acima do que o anunciado. O primeiro excedente orçamentário pode chegar no período 2018-2019, um ano antes do previsto.
"Sim, o déficit está caindo, mas ainda é muito elevado, e tomamos hoje novas decisões difíceis", justificou Osborne, que reduzirá os orçamentos em 1 bilhão de libras suplementares nos próximos três anos. Educação e Saúde ficarão à margem.
Essas medidas confirmam que Osborne mantém firmes as rédeas da austeridade desde a chegada da coalizão liberal-conservadora ao poder em 2011 e a um ano e meio das eleições gerais de maio de 2015.
A economia britânica passou por uma recuperação espetacular em 2013, graças a maciças injeções de liquidez do Banco da Inglaterra e à melhora do consumo e da atividade no mercado imobiliário. Além disso, o desemprego caiu de 7,7% para 7,6% no trimestre concluído em setembro, com 2,47 milhões de pessoas sem trabalho.
Para amenizar os anúncios de austeridade, Osborne confirmou o congelamento do imposto sobre os combustíveis e anunciou uma redução fiscal para os britânicos casados. O ministro revelou ainda que vai estabelecer um teto para os impostos sobre bens imobiliários das empresas, criar uma taxa para as vendas de propriedades de estrangeiros ricos - considerados culpados pelo alto preço da moradia em Londres - e reforçará a luta contra a evasão fiscal.
A oposição trabalhista criticou os planos do governo.
"Para muitas pessoas neste país, o nível de vida não cresce, cai a cada ano", respondeu Ed Balls, especialista econômico dos trabalhistas.
Balls afirmou que o trabalhador médio dispõe, neste momento, de 1.600 libras a menos por ano em relação a quando conservadores e liberais assumiram o governo, por culpa da inflação e da queda dos salários.
"As pessoas estarão em situação pior em 2015 do que em 2010", alertou.