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Noite de terror deixa oito mortos na República Centro-africana

Os incidentes ocorrem algumas horas antes da votação de uma resolução da ONU para autorizar uma intervenção militar francesa neste país

Bangui - Disparos de armas automáticas deixaram na manhã desta quinta-feira (5/12) oito mortos e 65 feridos em Bangui, capital da República Centro-Africana, declarou à AFP o chefe da missão da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) no país, Sulvain Groulx. Em função do clima de tensão reinante na capital, o presidente Michel Djotodia decretou um toque de recolher das 18h às 6h.



[SAIBAMAIS]Vários habitantes da capital, contactados pela AFP, afirmaram que homens armados realizaram saques, mas não puderam dar maiores detalhes. Um oficial superior da Força Aérea local (MISCA) declarou à AFP que os disparos começaram depois que ex-rebeldes da Seleka, integrados nas novas forças de segurança, detectaram infiltrações de membros das milícias de autodefesa "antibalaka", hostis ao regime.

Este aumento da tensão acontece um pouco antes que o Conselho de Segurança das Nações Unidas adote nesta quinta-feira um projeto de resolução da França, que, segundo fontes diplomáticas, será aprovado de forma unânime. Esta resolução autorizará uma operação militar conjunta de soldados africanos e franceses, já presentes no aeroporto.

Neste sentido, o primeiro-ministro centro-africano, Nicolas Tiangaye, pediu a mobilização imediata de tropas uma vez aprovada a resolução. O Conselho de Segurança deverá conceder um mandato para a força militar da União Africana na RCA (Misca) de 12 meses para restaurar a ordem nesta ex-colônia francesa.

A Misca, que conta com 2.500 soldados mal equipados, poderá aumentar o contingente a 3.600, e será financiada por um fundo gerenciado pela ONU e alimentado por contribuiçõse voluntárias dos estados membros. O contingente francês, por sua vez, passará de 450 a 1.200 efetivos, que assegurarão fundamentalmente o aeroporto de Bangui e as principais artérias por ondem devem transitar os comboios humanitários.

A violência se intensificou na RCA, de 4,6 milhões de habitantes, desde que a coalizão rebelde Seleka depôs o presidente Bozizé em março passado. Da mesma forma, o massacre desta semana de 12 civis muçulmanos em mãos de cristãos radicais evidenciou a necessidade de atuar com urgência, segundo afirmou o embaixador francês Gerard Araud.