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Ucranianos protestam ante o Parlamento, onde moção de censura é rejeitada

O primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, pediu perdão pela repressão policial e disse que "o presidente e o governo lamentam profundamente"

Kiev - Milhares de ucranianos protestaram nesta terça-feira (3/12) ante o Parlamento em Kiev pedindo a renúncia do Governo, encurralado por uma mobilização popular que não cede desde que rejeitou se associar à União Europeia (UE). "Vergonha", gritavam os presentes, que seguravam bandeiras ucranianas ante a Rada (Parlamento), protegida por um cordão de centenas de agentes das forças de segurança.



"O que ocorre apresenta todos os sinais de um golpe de Estado", denunciou na segunda-feira o primeiro-ministro Azarov, declarando também que estava sendo preparado um ataque ao Parlamento, sem fornecer mais detalhes. O presidente russo, Vladimir Putin, que desempenhou um papel decisivo para dissuadir Kiev de assinar o acordo com a UE, afirmou que os protestos foram preparados a partir do exterior e sustentou que "parecem mais um pogrom que uma revolução".

A Casa Branca, pelo contrário, considerou que se tratava de manifestações pacíficas duramente reprimidas. O presidente Yanukovich reconheceu em uma entrevista a várias televisões ucranianas que as forças de segurança foram muito longe no uso da força contra os manifestantes. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convocou na segunda-feira (1;) "todas as partes a agirem com moderação, a evitar novos episódios de violência e respeitar os princípios de liberdade de expressão e de reunião pacífica", declarou seu porta-voz, Martin Nesirky.

O presidente, que viajará em breve a Moscou para assinar um "mapa do caminho de cooperação", sugeriu que a integração europeia ainda estava sobre a mesa e pediu ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que receba uma delegação ucraniana para discutir "certos aspectos do acordo de associação" que Kiev rejeitou assinar na semana passada.

Também nesta terça-feira, um funcionário do Departamento de Estado americano denunciou as pressões da Rússia à Moldávia e à Geórgia, países que assinaram na semana passada acordos de associação com a UE similares ao que a Ucrânia rejeitou assinar. "Fomos muito claros com os russos: não vemos nenhuma razão para considerar a decisão da Moldávia e da Geórgia de selar acordos preliminares com a UE como um jogo de soma zero. Pensamos inclusive que este tipo de manobra é contraproducente", declarou este diplomata.

"Se os vizinhos da Rússia enriquecem com a liberalização e o aumento dos intercâmbios com a UE, poderão comprar igualmente mais bens da Rússia e formarão uma periferia mais estável", argumentou o funcionário. O diplomata denunciou as pressões das quais a Moldávia é alvo por parte de seus "grandes vizinhos" desde a assinatura com a UE no dia 29 de novembro dos acordos de associação e de livre comércio, assim como fez a Geórgia.