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Ataques aéreos matam 46 pessoas neste fim de semana na Síria

Na província de Aleppo, helicópteros do regime lançaram barris de explosivos sobre um mercado da localidade de Al-Bab, matando 20 pessoas

Damasco - Pelo menos 20 pessoas morreram neste domingo vítimas de um ataque aéreo contra uma cidade no norte da Síria, o segundo em menos de 24 horas, aumentando o número de mortos neste final de semana para 46, muitos deles mulheres e crianças.

Em Damasco, um projétil atingiu uma escola francesa quando as aulas haviam começado, causando danos materiais, mas nenhuma vítima. Os pais foram logo em seguida buscar seus filhos.

[SAIBAMAIS]Na província de Aleppo, helicópteros do regime lançaram barris de explosivos sobre um mercado da localidade de Al-Bab, matando 20 pessoas - entre eles duas mulheres e quatro crianças - segundo o Observatório Sírio para Direitos Humanos (OSDH).

No sábado, um ataque similar provocou a morte de 26 pessoas - entre eles sete mulheres, quatro crianças e três insurgentes - pois as cargas explodiram perto da sede de uma organização rebelde em Al-Bab, nordeste da província, de acordo com o último balanço divulgado pela ONG.

Os barris de explosivos foram descritos pelo departamento de Estado dos Estados Unidos como "bombas incendiárias que contêm material inflamável, comparável ao napalm".

O regime sírio, em guerra contra os rebeldes há quase três anos, é constantemente acusado pela oposição, pela comunidade internacional e por organizações de defesa dos direitos humanos de jogar barris de explosivos sobre alvos civis.

;Um milage;

Enquanto a violência não cessa nas outras frentes. Um projétil caiu por volta das sobre uma escola francesa de Damasco. "Um projétil caiu na chaminé de uma sala de aulas. Ninguém se feriu, mas janelas foram quebradas e paredes ficaram rachadas", disse à AFP um funcionário do local, Bachir Oneiz.

"O projétil caiu na sala da pré-escola, onde no momento havia 15 crianças de cinco anos. É um milagre, ninguém foi atingido, nem alunos, nem professores, nem funcionários", explicou a enfermeira da escola, Aline Farah.

"Todos choravam. Eles estavam com medo. Nós os levamos para o subsolo", conta Farah, ressaltando que o barulho da explosão foi "muito forte". "Ao saberem da explosão, os pais logo vieram buscar seus filhos".

Todas as crianças foram embora com seus pais, e apenas os funcionários da escola permaneciam no local cerca de três horas depois do incidente, constatou um fotógrafo da AFP.

A França, por meio do ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, condenou "fortemente este ato covarde que poderia ter culminado com a morte de crianças".

A escola Charles de Gaulle de Damasco fica no bairro de Mazzé, no oeste da capital. Ela conta com 220 alunos, sírios em sua maior parte. Antes das insurreições contra o regime, em março de 2011, 900 alunos frequentavam o estabelecimento.

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Salvo a concessão de bolsas de estudos a 40 franco-sírios, a França suspendeu sua ajuda ao país quando fechou sua embaixada em Damasco, em março de 2012. O ato foi uma demonstração da oposição francesa à permanência do presidente Bashar al-Assad no poder.

A queda de projéteis em diferentes bairros da capital síria tornou-se rotina há alguns meses. O regime acusa os rebeldes dos ataques. Nos arredores de Damasco, é o exército sírio quem bombardeia os redutos rebeldes.

A guerra inciada em março de 2011 por uma revolta duramente reprimida pelo regime sírio já custou a vida de mais de 120.000 pessoas, segundo o OSDH. A guerra também já deixou milhões de pessoas deslocadas e três milhões refugiadas em países vizinhos.