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Papa critica 'pensamento único' laico que rejeita diversidade religiosa

O pontífice fez um apelo ao direito dos crentes a se expressarem em espaços públicos "respeitando as convicções dos outros"



Desta forma, Francisco parece, indiretamente, defender o direito à objeção de consciência, principalmente entre médicos, prefeitos ou professores, quando confrontados a realidades que a Igreja desaprova (aborto, eutanásia, casamento gay). "Como seria possível a criação de relacionamentos reais, a construção de uma sociedade que seja uma verdadeira comunidade, impondo que cada um deixe de lado o que considera ser uma parte íntima do seu ser?", questionou. "O futuro está na diversidade, não na homogeneização de um pensamento único, teoricamente neutro", insistiu Francisco, chamando os católicos a "ter a coragem" e se apresentar "da forma como são", sempre "em respeito à crença dos outros".

O Papa utilizou o mesmo argumento para o difícil diálogo com as outras religiões como o Islã, retomando as concepções de Bento XVI sobre um diálogo baseado na verdade: "dialogar não significa abrir mão da identidade (...) e muito menos ceder a um compromisso sobre a fé e a moral cristã". "O diálogo inter-religioso e a evangelização não são mutuamente exclusivas, mas alimentam-se mutuamente", argumentou, enquanto outros líderes religiosos sentem a evangelização como uma agressão.