Adis Abeba - A Etiópia repatriou mais de 50 mil de seus cidadãos na Arábia Saudita, após a decisão de Riad de expulsar os imigrantes ilegais de seu território, anunciou nesta quarta-feira (27/11) o ministro etíope das Relações Exteriores. "Contamos inicialmente 10 mil pessoas, mas está aumentando", declarou o ministro, Dina Mufti, acrescentando que no total cerca de 80 mil pessoas deverão ser repatriadas.
As autoridades etíopes anunciaram no início de novembro a repatriação de seus cidadãos vivendo ilegalmente na Arábia Saudita, após a morte, de acordo com Addis, de três etíopes em tumultos provocados pela campanha de expulsão em massa de imigrantes. A campanha começou no dia 4 de novembro, e prevê um período de sete meses para que os estrangeiros ilegais regularizem sua situação ou deixem o reino.
De acordo com Dina, o programa de repatriação custará US$ 2,6 milhões para o governo etíope, que garante manter relações "fraternas" com Riad. "Nós nos concentramos na repatriação (...), não avaliamos" o estado de nossas relações com a Arábia Saudita, assegurou Dina. Muitos etíopes emigram a cada ano, principalmente para o Oriente Médio e os emirados do Golfo, à procura de emprego.
A maioria dos migrantes que deixam a Etiópia são mulheres, de acordo com o ministério etíope do Trabalho e Assuntos Sociais, que estima em 200 mil o número de etíopes que buscaram trabalho no exterior em 2012. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os migrantes etíopes no Oriente Médio sofrem violência física e psicológica, condições de trabalho indignas, baixos salários e discriminação.
O governo etíope anunciou em outubro que proibirá homens e mulheres jovens a migrar para o Oriente Médio por causa de inúmeros relatos de violência generalizada contra eles. A Etiópia é o segundo país mais populoso do continente africano, com 91 milhões de habitantes, e está entre os últimos 15 países do mundo em termos de desenvolvimento humano.