Cairo - A polícia egípcia dispersou nesta terça-feira (26/11) dezenas de pessoas reunidas no centro do Cairo, no primeiro incidente registrado na capital desde a promulgação no domingo (24/11) de uma lei que restringe o direito de manifestação. Os manifestantes não apresentaram o pedido de permissão para realizar o protesto, conforme manda a nova lei, e os policiais usaram então de jatos de água para dispersá-los.
[SAIBAMAIS]Segundo a lei, também ficam proibidos a realização de reuniões nos locais de culto e o início de manifestações na saída desses estabelecimentos. Tradicionalmente, no Egito, as passeatas islâmicas partem das mesquitas. Recentemente, várias ONGs e a ONU pediram que as novas autoridades egípcias abandonassem a lei, acusando o governo de querer reverter as conquistas da revolução popular de 2011, a qual obrigou Hosni Mubarak a abandonar o poder após três décadas de domínio absoluto.
O primeiro-ministro Hazem Beblawi declarou que o Estado não espera que os organizadores "peçam permissão" às autoridades, mas que "informem" sobre sua intenção de manifestar. "Esta lei não restringe o direito à manifestação, mas tem como objetivo proteger os direitos dos manifestantes", justificou.
Desde 14 de agosto, o novo governo lançou a polícia e o Exército em uma onda de repressão extremamente sangrenta contra manifestantes que pedem o retorno ao poder de Morsy, primeiro presidente democraticamente eleito no Egito. Mais de mil manifestantes pró-Morsy foram mortos, e mais de 2 mil membros da Irmandade Muçulmana, à qual pertence o presidente destituído, acabaram presos.