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Ex-presidente Zelaya não aceita resultados eleitorais em Honduras

Apesar de as autoridades ainda não terem proclamado um vencedor, no domingo foi divulgado que o candidato do Partido Nacional (PN) encabeçava os resultados

O marido da candidata de esquerda Xiomara Castro, o ex-presidente Manuel Zelaya, afirmou nesta segunda-feira que seu partido rejeitará os resultados oficiais das eleições em Honduras, que no momento dão como vencedor o governista Juan Orlando Hernández.

"Proclamo que não aceitamos os resultados do Supremo Tribunal Eleitoral", afirmou Zelaya à imprensa durante uma coletiva celebrada em um hotel da capital, lotado de simpatizantes que gritavam, "Se ouve, se sente, Xiomara presidente".

"As urnas falaram de uma mudança profunda no nosso país (...) Não queremos nenhuma negociação", acrescentou Zelaya, ao insistir em que sua esposa, que não se apresentou perante a imprensa, é a presidente eleita.

Apesar de as autoridades ainda não terem proclamado um vencedor, no domingo foi divulgado que o candidato do Partido Nacional (PN) encabeçava os resultados com 34,27% contra 28,67% para Castro, do Partido Liberdade e Refundação (Livre), apurados 54% dos votos.

"Vamos defender nossa vitória (...) Se for preciso, iremos às ruas defender nossos direitos como sempre fizemos", disse Zelaya, deposto por uma aliança de direita em um golpe de Estado, em 28 de junho de 2009.

O Partido Livre sustenta que houve "sérias inconsistências" em 19% das atas eleitorais (que representam 400.000 votos) através da "transmissão irregular de resultados".

"Este povo está disposto a defender esta vitória pela via legal, pela via diplomática, mas também nas trincheiras nas quais sempre estivemos nas ruas. Aqui ninguém se rende, ninguém, companheiros", acrescentou Juan Barahona, um dos principais líderes dos protestos contra o golpe e candidato à vice-presidência pelo Partido Livre.

Minutos antes, Hernández, que se autoproclamou presidente eleito de Honduras, assegurou ter conquistado sua vitória nas urnas e que "não negocia com ninguém", ao rejeitar denúncias de fraude.