Kiev, 24 novembro 2013 (AFP) - Violentos confrontos foram registrados neste domingo à margem de uma manifestação pró-europeia em Kiev, onde os participantes tentaram entrar na sede do governo ucraniano, antes de serem dispersados pela polícia.
Os confrontos começaram depois do protesto que reuniu dezenas de milhares de pessoas na Praça da Independência, centro da Revolução Laranja pró-ocidental em 2004, convocado pela oposição para denunciar a decisão do governo de abandonar um acordo de associação com a União Europeia, sob pressão de Moscou.
Os manifestantes tentaram romper um cordão policial em frente à sede do governo, e alguns atiraram pedras contra a polícia que respondeu com golpes de cassetete e bombas de gás lacrimogêneo, segundo um correspondente AFP. Ninguém foi preso.
Os participantes ainda estão reunidos na Praça da Independência e cantam "revolução". Eles participaram de uma manifestação que reuniu cerca de 20.000 pessoas, segundo a polícia, e mais de 100.000, de acordo com os organizadores.
Acenando bandeiras da União Europeia e dos partidos da oposição ucraniana, manifestantes protestaram contra a decisão do governo de abandonar uma aproximação com a UE.
Eles acusam o regime do presidente Viktor Yanukovych de ceder à pressão da Rússia, empurrando Kiev a se juntar a sua união aduaneira com outros países da ex-URSS.
"Viemos aqui para mostrar que nos sentimos europeus", declarou uma manifestante à AFP, Alexandra Prissiajniouk, uma estudante de 19 anos de idade.
"Esperamos mostrar a nossa força através desta ação. O poder não pode deixar de reagir a uma tal manifestação da sociedade civil", acrescentou a estudante.
Vinda da região de Dnepropetrovsk (400 km ao sudeste de Kiev), outro manifestante, Artem Vachkevitch, disse que a Ucrânia, que declarou sua independência em 1991 após a queda da URSS, sempre foi, de fato, dependente da Rússia.
"Queremos mostrar que Yanukovych não é a Ucrânia. Este é um homem que foi colocado na presidência pela Rússia", declarou o jovem de 31 anos.
O partido de oposição Oudar afirmou que as autoridades não permitiram que o avião de seu líder, o boxeador Vitali Klitschko, pousasse em Kiev, para que fosse forçado a aterrissar em outra cidade e não poder participar da manifestação.
O governo ucraniano abandonou na quinta-feira, contra todas as probabilidades, as negociações de um acordo de associação com a UE e decidiu voltar-se para seu grande vizinho russo, uma decisão imediatamente denunciada pela oposição e vista como um erro estratégico na Europa.
Yulia Tymoshenko, ex- primeiro-ministro e adversário político do presidente Viktor Yanukovych, preso sob a acusação de abuso de poder, que ele denuncia como uma vingança política, pediu mais pressão sobre o governo antes da cúpula da Parceria Oriental da UE em Vilnius, em 28 e 29 de novembro, período em que o acordo com a Ucrânia deveria ser assinado.
"Hoje, temos um objetivo muito específico: obrigar Viktor Yanukovych a reverter de forma humilhante sua decisão e assegurar que o Acordo de Associação com a UE seja assinado em 29 de novembro, em Vilnius", disse Tymoshenko, de acordo com um comunicado.
Tymoshenko, que está cumprindo uma pena de sete anos de prisão, pediu aos manifestantes para que continuem na Praça da Independência até que a cúpula da UE seja concluída.
Manifestações pró-europeias foram organizadas neste domingo em outras cidades da Ucrânia e com a presença de várias centenas de participante.
A Rússia, destino de um quarto das exportações ucranianas, advertiu Kiev das consequências comerciais de um acordo com a UE.