As difíceis negociações em Genebra entre as grandes potências e o Irã, que se nega a aceitar um acordo nuclear que não contemple o direito de enriquecer urânio, prosseguiam nesta quinta-feira em um clima construtivo, mas não se vislumbra a conclusão de um acordo, segundo o lado iraniano.
As negociações sobre o programa nuclear iraniano mantidas nesta quinta-feira (21/11) entre a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, permitiram "um início das negociações muito substancial e detalhado", chegou a indicar o porta-voz de Ashton, Michael Mann.
"Todos se envolveram em um trabalho muito detalhado", declarou este porta-voz, afirmando que as negociações entre Ashton e Javad Zarif seriam retomadas nesta tarde. "As negociações foram boas e mergulhamos no conteúdo e nos detalhes, mas as divergências nas posições prosseguem", indicou, por sua vez, à agência iraniana ISNA o número três da delegação do Irã, Majid Tajt Ravanshi. O Irã afirmou, no entanto, que ainda existem "divergências em questões sérias nas negociações".
[SAIBAMAIS]"Mantivemos negociações sérias (...) muito úteis (...) mas há divergências sobre temas sérios", declarou Abbas Araghchi, à frente da equipe de negociadores iranianos, citado pela agência ISNA.
Além disso, Araghchi afirmou que a conclusão de um acordo sobre o programa nuclear não deve ser alcançado nesta quinta-feira.
"Não creio que as negociações concluam nesta quinta à noite e não podemos prever o que acontecerá amanhã", afirmou, citado pela agência Mehr, depois do segundo encontro do dia entre Zarif e Ashton.
Entre o direito ao enriquecimento de urânio que uma parte exige e a firmeza da outra, ambas reiteraram suas exigências nesta quinta-feira, antes mesmo do reinício das negociações.
"Nenhum acordo que não inclua o enriquecimento de urânio do início ao fim será aceito", escreveu no Twitter Abbas Araghchi, que dirige a equipe de negociação iraniana em Genebra, citado pela agência oficial IRNA.
"O princípio de enriquecimento não é negociável, mas podemos falar do volume, do nível e do lugar", acrescentou.
Araghchi advertiu, no entanto, que o Irã deve recuperar a confiança na boa fé das grandes potências para alcançar um acordo.
"O principal obstáculo é a falta de confiança devido ao que ocorreu na última reunião. Enquanto a confiança não for recuperada, não poderemos prosseguir com negociações construtivas", declarou à rede de televisão pública, referindo-se às mudanças introduzidas pelas grandes potências no rascunho do projeto no último dia da rodada de negociações anterior.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, declarou em Paris que espera que um acordo sólido seja concluído em Genebra. "Este acordo só será possível sobre uma base de firmeza", insistiu ao falar na televisão pública.
A reação de Israel a estas negociações não demorou a chegar.
Israel nunca permitirá que o Irã obtenha uma bomba atômica, declarou nesta quinta-feira em Moscou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
"Prometo que o Irã não terá uma arma nuclear", disse Netanyahu, depois de denunciar as ameaças do guia supremo iraniano, Ali Khamenei, que declarou na quarta-feira que "Israel está condenado ao desaparecimento".
"O guia supremo iraniano Khamenei disse ontem (quarta-feira): ;Morte aos Estados Unidos, morte a Israel;, e disse que os judeus ;não são seres humanos;", afirmou Netanyahu, que nunca descartou uma ação militar contra a República Islâmica do Irã.
Nesta quinta-feira, os representantes do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China, além da Alemanha) e o Irã continuarão debatendo o texto proposto pelas principais potências ocidentais.