Níveis de óxido nitroso, um gás que exaure a camada de ozônio e causa aquecimento global, poderiam mais que dobrar em meados do século, alertou a ONU esta quinta-feira (21/11).
"Precisamos de todos os esforços disponíveis para combater os aumentos sérios e significativos de níveis de N2O [óxido nitroso] na atmosfera", destacou o diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, em um informe publicado durante a realização de negociações climáticas em Varsóvia.
Segundo o Pnuma, análises de cientistas de 35 organizações revelaram que o NO2 agora é o gás mais importante a exaurir o ozônio e o terceiro mais poderoso gás de efeito estufa emitido na atmosfera.
Na tendência atual, as concentrações de NO2 aumentarão 83% em 2050 em comparação com níveis de 2005, afirmaram especialistas.
O NO2 existe naturalmente na atmosfera em quantidades traço, liberadas como parte da troca de nitrogênio entre a terra e o ar.
Mas seus níveis aumentaram nas últimas décadas, puxadas sobretudo por fertilizantes nitrogenados produzidos industrialmente, pela poluição do transporte rodoviário e emissões da indústria química.
O gás causa danos às moléculas protetoras de ozônio na atmosfera, que ajudam a proteger a Terra da radiação ultravioleta nociva.
A substância não foi incluída no Protocolo de Montreal, de 1987, concebido para banir uma série de compostos químicos nocivos à camada de ozônio.
O NO2 também é um poderoso gás causador do efeito estufa, sendo mais de 300 vezes mais eficaz que o dióxido de carbono (CO2) em aprisionar o calor do sol. Uma molécula permanece na atmosfera por cerca de 120 anos antes de se degradar.
Uma vez que a agricultura responde por dois terços das emissões antropogênicas de NO2, há muito potencial para reduzir as emissões através do uso mais eficiente de fertilizantes, destacou o Pnuma.
Segundo o informe, a adoção de uma dieta pobre em carne ajudaria, uma vez que a produção de proteína animal conduz a emissões mais elevadas de NO2 do que a da proteína vegetal.
Esta e outras medidas poderiam resultar na economia de 800 milhões de toneladas de CO2 equivalente em emissões de gases estufa em 2020.
De acordo com o Pnuma, isto corresponde a cerca de 8% da "lacuna de emissões", ou seja, o abismo de emissões de carbono que precisa ser reduzido para atender à meta da ONU de limitar o aquecimento global a 2;C com base em níveis pré-industriais.
As negociações em Varsóvia terminam nesta sexta-feira, encerrando 11 dias da rodada anual de negociações sob o marco da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).