O secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta quarta-feira (20/11) que ele e o presidente afegão, Hamid Karzai, alcançaram "as bases" de um acordo sobre segurança no Afeganistão para garantir a presença de tropas americanas nesse país após 2014.
"Chegamos a um acerto sobre as bases (do acordo), que será submetido a uma Loya Jirga, mas (as bases do texto) ainda devem ser aprovadas", explicou Kerry, ao se referir à Assembleia tradicional afegã que votará esta semana o Acordo de Segurança Bilateral (BSA, na sigla em inglês) entre Washington e Cabul.
Nesta quarta, o governo afegão publicou um projeto de acordo, segundo o qual os soldados americanos que ficarem no país depois da saída definitiva das tropas da Otan no final de 2014 terão imunidade jurisdicional.
O "status" legal das tropas americanas era um ponto de atrito nas negociações sobre o BSA que regulará a presença do efetivo dos EUA após a retirada das forças da Otan desse país asiático, em 2014.
O rascunho do texto, publicado no "site" do Ministério das Relações Exteriores afegão, declara que Cabul concordou que os Estados Unidos devem ter "o direito exclusivo de exercer jurisdição" sobre suas forças no Afeganistão.
"O Afeganistão autoriza os Estados Unidos a realizar julgamentos nesses casos, ou a adotar qualquer outra ação disciplinar, que seja adequada, no território do Afeganistão", afirma o texto. O acordo permanecerá em vigor "até o fim de 2024 e além", a menos que seja revogado por uma das partes signatárias.
Washington pretendia manter um contingente no Iraque após repatriar suas tropas em 2011, mas mudou de ideia quando Bagdá se negou a dar essa imunidade a seus militares.
A Loya Jirga se reunirá de quinta a domingo em Cabul, quando cerca de 2.500 representantes da sociedade afegã se manifestarão sobre o acordo. Se for aprovado, o BSA garantirá a presença de 75 mil soldados da Otan além de 2014 para evitar que a saída da organização deflagre uma onda de atentados e distúrbios.
Kerry disse ainda que, durante a conversa, não foi abordada a possibilidade de que os Estados Unidos peçam "desculpas" ao Afeganistão pelos acontecimentos dos últimos 12 anos. Após os ataques do 11 de Setembro, Washington invadiu o país para derrubar o regime talibã.
Na terça-feira, a conselheira de Segurança Nacional do presidente Barack Obama, Susan Rice, já havia declarado que seu governo não deve pedir perdão ao Afeganistão pelos "erros" cometidos, ou pelo sofrimento causado aos civis afegãos.