Buenos Aires - A presidente argentina Cristina Kirchner, recuperada de uma cirurgia, reaparece em público nesta quarta-feira (20/11) para empossar seu novo gabinete, que deverá enfrentar duros desafios como a alta inflação e a sangria das reservas de dólares.
A surpreendente saída de funcionários-chave do governo, como o polêmico secretário de Comércio, Guillermo Moreno, dará mais poderes ao economista de esquerda Axel Kicillof, 42 anos, nomeado como ministro da Economia.
[SAIBAMAIS]Kirchner, 60 anos, voltará à Casa Rosada - sede do governo argentino - após seis semanas de licença médica para dar posse a Kicillof e a um influente político peronista moderado, Jorge Capitanich, 58 anos, como chefe de Gabinete.
A reforma ministerial foi interpretada por analistas como uma reação aos resultados pouco expressivos das eleições legislativas de outubro, quando o governo perdeu nos maiores distritos, ainda que mantendo o controle do Congresso.
"A renúncia de Moreno (ndr: ex-secretário de Comércio Interior) freia o descontentamento porque sai de cena um personagem controverso e com resultados muito ruins durante sua gestão", disse Aldo Pignanelli, ex-presidente do Banco Central argentino.
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Kicillof não terá que lidar com Moreno, responsável pelas restrições impostas ao mercado de câmbio e acusado de adulterar dados ao intervir no instituto INDEC, além de iniciar um processo para frear as importações.
"Kicillof e Moreno não se davam bem. Capitanich vai querer normalizar o INDEC", analisou o economista e consultor Alfredo Saenz. Kicillof é forte defensor da intervenção estatal na Economia e do controle do acesso de divisas imposto para se conter a queda das reservas que chegam, atualmente, a US$ 32 bilhões.
Ele foi o mentor da nacionalização da petroleira YPF, ex-filial do grupo espanhol Repsol e assessora a restatização da companhia aérea Aerolíneas Argentinas. A nomeação de Kicillof foi positivamente recebida por grandes empresários, como o petroleiro Carlos Bulgheroni, "por resolver problemas nos preços do gás", enquanto vice-ministro da Economia desde 2011.