O homem também é suspeito de ter atirado em um banco na periferia da capital. "O indivíduo representa um perigo real", disse o ministro do Interior, Manuel Valls, em frente à sede do jornal, ressaltando que "vamos fazer de tudo para capturar essa pessoa". O ataque - o segundo em quatro dias contra um órgão da imprensa francesa - despertou grande comoção e o presidente François Hollande pediu pela "mobilização de todos os meios para parar o ou os autores".
Às 10h15 (7h15 no horário de Brasília), o homem entrou na sede do jornal, no coração de Paris, e disparou duas vezes, atingindo a vítima, um fotógrafo assistente de 27 anos, no tórax e abdômen, segundo fontes da polícia e do jornal. Levado ao hospital, a vítima se encontra em estado grave.
"Quando cheguei, vi um homem no chão, com sangue por todos os lados e com as mãos na barriga. Encontrei dois colegas que estavam no local, completamente pálidos, que me contaram que tinham sido atacados e se escondido atrás do balcão da recepção", declarou à AFP uma colaboradora do Libération, Anastasia Vécrin. Durante uma coletiva de imprensa, Valls falou de um "cenário de guerra" e de um ataque "de extrema violência", que "nada tem a ver com a democracia".
Um perímetro de segurança foi estabelecido em torno da sede do Libération, cujo acesso foi bloqueado. A brigada criminal da polícia judicial de Paris abriu uma investigação. A segurança foi reforçada nas sedes dos grandes veículos de imprensa.
"Todas as medidas foram tomadas para encontrar a pessoa que cometeu esse ato e para garantir a segurança de todos os meios de comunicação na capital", indicou a ministra francesa da Cultura e Comunicação Aurélie Filippetti que também estava no local. Segundo ela, "esta é a primeira vez que um jornal é atacado desta maneira".
O homem também é suspeito de ser o responsável pelo ataque na sexta-feira (15/11) contra a sede do canal de notícias BFMTV, em Paris. Ele teria ameaçado os jornalistas, antes de fugir. Segundo fontes ligadas à investigação, imagens do suspeito gravadas no jornal Libération "correspondem" às imagens do agressos da BFMTV.
O suspeito teria cerca de 40 anos, é branco e vestia uma calça jeans clara. Os investigadores também tentam estabelecer se o suspeito é o autor dos disparos no início desta tarde na sede do banco Société générale, em La Défense, perto de Paris. Segundo uma testemunha, o homem também estava armado com um fuzil.
Nesta segunda-feira (18), os jornais Le Parisien, Le Monde, Les Echos, Le Figaro e Europe 1 informaram à AFP que reforçaram suas medidas de segurança e de acesso às suas instalações. "Somos as testemunhas horrorizadas de um drama. Quando alguém entra com um fuzil em um jornal é algo muito grave em uma democracia, independente do estado mental da pessoa", declarou à AFP o diretor de publicação do Libération, Nicolas Demorand.
"Caso os jornais e os meios de comunicação tenham que virar bunkers, algo não anda bem em nossa sociedade", completou. A agressão contra o Libération provocou fortes reações da classe política francesa. O primeiro secretário do Partido Socialista, Harlem Désir, prestou sua "total solidariedade", enquanto Jean-François Cope, presidente do partido de oposição de direita (UMP), disse que estava "indignado" e "chocado" com o ataque.