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Ataque mata 11 pessoas na China e governo atribui ação à minoria uigur

Um grupo de defesa dos uigures questionou a versão oficial e afirmou que a polícia chinesa abriu fogo contra manifestantes uigures

Pequim - Onze pessoas morreram em um ataque cometido por nove criminosos em uma delegacia de Xinjiang, informou a imprensa oficial da China, em um momento de grande tensão nesta região de maioria muçulmana.

Segundo a agência estatal de notícias Xinhua, nove pessoas armadas com facas e machados mataram dois agentes auxiliares da polícia e feriram outros dois. Em seguida foram mortos pelas forças de segurança.

A agência informou que o ataque aconteceu no sábado em Serikbuya, uma localidade do condado de Bashu, em Xinjiang, região abalada por atos recorrentes de violência entre os uigures, muçulmanos de língua turca, e os Han, a etnia majoritária na China.


Um grupo de defesa dos uigures questionou a versão oficial e afirmou que a polícia chinesa abriu fogo contra manifestantes uigures.

Um porta-voz do Congresso Mundial Uigur, com sede em Munique (Alemanha), afirmou que as pessoas apresentadas como criminosas eram manifestantes.

Dilxat Raxit disse que um confronto teve início depois que um jovem uigur foi morto a tiros e que, em seguida, as forças de segurança mataram oito manifestantes.

Também afirmou que dezenas de manifestantes uigures foram detidos no incidente.

"Peço mais uma vez à comunidade internacional que tome medidas imediatas para impedir que o governo chinês atire contra manifestantes uigures e retire seus direitos", declarou o porta-voz.

Situada no extremo oeste da China, Xinjiang, "região autônoma" de maioria uigur, é abalada frequentemente por atos violentos que as autoridades atribuem a "terroristas" ou "separatistas".

Para as organizações uigures, as acusações são apenas uma desculpa utilizada pelas autoridades para justificar o aumento da repressão que afirmam sofrer.

O ataque aconteceu em um momento de tensão em Xinjiang, que foi cenário de confrontos que deixaram dezenas de mortos em abril, julho e agosto de 2013.

Outros atos violentos em diversas regiões do país também foram atribuídos aos uigures, como o atentado do fim de outubro na praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim, que segundo a polícia foi executado por três uigures que avançaram com um veículo, repleto de galões de gasolina, contra a entrada da Cidade Proibida.

O ataque deixou cinco mortos, incluindo os três ocupantes do veículo, e 40 feridos.

Autoridades chinesas citaram o envolvimento do Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM), um grupo radical separatista.

O ETIM, que afirma lutar pela independência do Turquestão Oriental, antigo nome de Xinjiang, foi considerado pela ONU em 2002 como uma organização vinculada à Al-Qaeda.

Mas as autoridades não divulgaram qualquer prova que sustente o envolvimento no atentado, o que provoca dúvidas entre os analistas, que citam a natureza pouco sofisticada do ataque e a falta de bases do fundamentalismo muçulmano na China.