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Ministra negra e de esquerda é o novo alvo dos racistas franceses

Christiane Taubira promoveu leis para as minorias, como o casamento homossexual e uma reforma penitenciária


"Eu assimilo o golpe, mas é violento para meus filhos, para meus parentes...", confessou a ministra na quarta-feira a uma rede de televisão pública depois que a revista de extrema-direita Minute a comparou em sua capa a um macaco.

Algumas semanas antes, uma candidata da Frente Nacional (extrema-direita) às eleições municipais - foi expulsa do partido por isso - e uma menina, em uma manifestação com seus pais contra o casamento gay, também já a haviam comparado a um macaco. Aos que pretendem "expulsá-la da família humana", Taubira lembrou que seguirá lutando por seus valores.

Em reação a esses ataques, que foram condenados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos da ONU, o Partido Socialista (PS) francês convocou uma manifestação de "defesa da República contra os extremismos" para o dia 27 de novembro em Paris e um grupo de cidadãos fez uma convocação para um protesto no dia 8 de dezembro.

O historiador Pascal Blanchard explica que, "para além de sua pessoa, da cor de sua pele, do fato de ser mulher, a direita e a extrema-direita a atacaram por ter promovido duas leis, que para alguns nacionalistas são consideradas antifrancesas: a do casamento para todos, porque abriu a cidadania plena para os homossexuais, e a de 2001 sobre a escravidão assimilada à punição".

Christiane Taubira, então deputada, deu seu nome à lei francesa que reconhece o tráfico de negros e a escravidão como crimes contra a Humanidade.

Em 2002 foi candidata à eleição presidencial por um pequeno partido radical de esquerda e obteve 2,32% dos votos. Alguns a acusaram de ter causado o fracasso do socialista Lionel Jospin contra Jacques Chirac e o candidato de extrema-direita Jean-Marie Le Pen.

Mas depois que François Hollande a designou como ministra da Justiça, a direita a tornou o alvo preferido de suas críticas e ofensas.