Jornal Correio Braziliense

Mundo

Sobreviventes do tufão que atingiu as Filipinas ainda precisam de ajuda

Assim como inúmeros sobreviventes, resta a Cyrus Trimar procurar em meio às ruínas algo para alimentar seus filhos salvos da tragédia



[SAIBAMAIS]"Acredito que cada um de nós está extremamente chateado (...) de não poder atender a todos". Apesar das promessas da comunidade internacional, que desbloqueou dezenas de milhões de euros, as ONGs lamentam a falta de caminhões e combustível, a dificuldade de acesso a Tacloban e precárias condições de segurança, após comboios de ajuda terem sido atacados. "É um pesadelo logístico", resumiu nesta quinta-feira a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que está enviando centenas de toneladas de equipamento e mais de 100 pessoas para as várias ilhas devastadas pelo tufão.

"O acesso é muito difícil e (a situação) impede as pessoas de receber ajuda", disse Natasha Reyes, da organização. "Como um roubo a banco". "Os saques e a insegurança geral são preocupantes", ressaltou Cat Carter, da ONG Save the Children. "Encontrar um lugar seguro para armazenar a ajuda durante a noite é um verdadeiro desafio", acrescentou, apontando para a falta de energia elétrica e falta de coordenação. "É incrivelmente frustrante". Mas se a ajuda alimentar e médica é, naturalmente, necessária, as autoridades locais também pedem ajuda para proporcionar um enterro digno para as vítimas, enquanto as ruas de algumas áreas ainda estão cheias de cadáveres putrefatos.

"Precisamos de um sentimento de normalidade", defendeu Gwendolyn Pang, secretária-geral da Cruz Vermelha das Filipinas, ressaltando que os sobreviventes não deveriam ter que viver olhando "corpos, animais mortos e detritos em todos os lugares". Um sentimento compartilhado pelo prefeito de Tacloban, Alfred Romualdez, que pede ajuda, principalmente para o transporte dos corpos que começaram a ser enterrados nesta quinta em valas comuns. "Eu não posso usar um caminhão para recolher os corpos pela manhã e usá-lo para distribuir ajuda na parte da tarde", ressaltou.

Segundo ele, as agências humanitárias não estão chegando rápido o suficiente, porque querem primeiramente avaliar as necessidades. "É como um assalto a banco. É melhor ter todas as unidades respondendo. Chegamos ao sétimo dia e eles continuam tentando estimar", lamentou. Dada a dimensão da tarefa, a ONU pediu 301 milhões de dólares e muitas ONGs também apelam à generosidade das pessoas. Como a organização Ação contra a Fome. Neste "pesadelo logístico", as operações de socorro "têm um custo financeiro extremamente alto", observou em comunicado.