Roma - Dezenas dos emigrantes a bordo do navio naufragado perto da costa italiana no mês passado foram violentados e torturados na Líbia antes do início da viagem - informou a polícia nesta sexta-feira (8/11).
Com mais de 500 emigrantes a bordo, eritreus em sua maioria, a embarcação pegou fogo à noite e naufragou perto da ilha siciliana de Lampedusa.
Ao todo, 366 pessoas, entre elas várias mulheres e crianças, morreram afogadas. Essa foi uma das tragédias migratórias mais graves já ocorridas na Itália.
Apenas 155 pessoas sobreviveram, entre eles uma eritreia de 17 anos. Ela revelou à polícia italiana os horrores sofridos antes da travessia do Mediterrâneo.
"Levaram todos os nossos objetos pessoais, sobretudo, os móveis. Nos deixaram em pé o dia todo e nos obrigaram a assistir às torturas dos nossos companheiros com fios elétricos", contou à polícia, segundo relato publicado pelo jornal "La Repubblica".
Os que se rebelavam "eram amarrados com uma corda no pescoço, e corriam o risco de se estrangular a qualquer movimento", acrescentou.
Segundo a adolescente, cerca de 50 pessoas faziam parte da organização, incluindo vários somalis e sudaneses. Para a polícia italiana, que investiga o caso, vários milicianos líbios garantiam a operação.
A polícia italiana prendeu um somali, de 34 anos, acusado de fazer parte da organização - disse à AFP um porta-voz da prefeitura de Palermo.
"Trata-se de um dos poucos casos em que se consegue deter um dos chefes da organização criminosa", reconheceu o chefe da polícia, Enzo Nicoli.
Os emigrantes costumam descrever os abusos sofridos, mas suas denúncias não são investigadas a fundo nos países europeus.
Segundo os depoimentos de oito sobreviventes, um grupo de 130 refugiados, entre eles 20 mulheres, foi vítima de terríveis abusos sexuais, antes de embarcar para a Europa.
Eles ficavam em "campos de concentração" em Sebha, no deserto entre Sudão e Líbia, disse o procurador Maurizio Scalia a uma emissora de televisão local.
Depois de ficarem sequestrados por vários dias, os barqueiros exigiam o pagamento de 3.300 a 3.500 dólares (2.470 a 2.600 euros) por pessoa.
"As mulheres que não tinham dinheiro para pagar eram violentadas", contou a jovem. "Uma noite, um somali e outros dois homens me obrigaram a sair do recinto onde eu estava, me jogaram no chão, prenderam meus braços e jogaram gasolina na minha cabeça, o que deixou queimaduras terríveis no rosto", contou.
Depois disso, ela foi violentada por vários deles, um atrás do outro. Segundo ela, em seguida, seus torturadores pegaram outras duas meninas. "Voltaram só com uma depois de uma hora", relatou.
De acordo com o procurador Scalia, "todas as mulheres do campo foram violadas por somalis e líbios. Lembra momentos trágicos da história da humanidade", lamentou.
Na Itália, o somali detido foi acusado de sequestro, extorsão, formação de quadrilha e violência sexual. Pode ser condenado a 30 anos de prisão. Entre os detidos, há um homem de 47 anos de origem palestina, acusado de organizar o transporte ilegal de imigrantes.
Os dois estão presos em Palermo (Sicília), onde o Departamento Anti-máfia investiga o tráfico de seres humanos. A Itália reforçou a repressão contra o tráfico de imigrantes, após a chegada de 35 mil pessoas em 2013. Boa parte delas foge de guerras civis, da fome e de regimes opressivos na África.
Com mais de 500 emigrantes a bordo, eritreus em sua maioria, a embarcação pegou fogo à noite e naufragou perto da ilha siciliana de Lampedusa.
Ao todo, 366 pessoas, entre elas várias mulheres e crianças, morreram afogadas. Essa foi uma das tragédias migratórias mais graves já ocorridas na Itália.
Apenas 155 pessoas sobreviveram, entre eles uma eritreia de 17 anos. Ela revelou à polícia italiana os horrores sofridos antes da travessia do Mediterrâneo.
"Levaram todos os nossos objetos pessoais, sobretudo, os móveis. Nos deixaram em pé o dia todo e nos obrigaram a assistir às torturas dos nossos companheiros com fios elétricos", contou à polícia, segundo relato publicado pelo jornal "La Repubblica".
Os que se rebelavam "eram amarrados com uma corda no pescoço, e corriam o risco de se estrangular a qualquer movimento", acrescentou.
Segundo a adolescente, cerca de 50 pessoas faziam parte da organização, incluindo vários somalis e sudaneses. Para a polícia italiana, que investiga o caso, vários milicianos líbios garantiam a operação.
A polícia italiana prendeu um somali, de 34 anos, acusado de fazer parte da organização - disse à AFP um porta-voz da prefeitura de Palermo.
"Trata-se de um dos poucos casos em que se consegue deter um dos chefes da organização criminosa", reconheceu o chefe da polícia, Enzo Nicoli.
Os emigrantes costumam descrever os abusos sofridos, mas suas denúncias não são investigadas a fundo nos países europeus.
Segundo os depoimentos de oito sobreviventes, um grupo de 130 refugiados, entre eles 20 mulheres, foi vítima de terríveis abusos sexuais, antes de embarcar para a Europa.
Eles ficavam em "campos de concentração" em Sebha, no deserto entre Sudão e Líbia, disse o procurador Maurizio Scalia a uma emissora de televisão local.
Depois de ficarem sequestrados por vários dias, os barqueiros exigiam o pagamento de 3.300 a 3.500 dólares (2.470 a 2.600 euros) por pessoa.
"As mulheres que não tinham dinheiro para pagar eram violentadas", contou a jovem. "Uma noite, um somali e outros dois homens me obrigaram a sair do recinto onde eu estava, me jogaram no chão, prenderam meus braços e jogaram gasolina na minha cabeça, o que deixou queimaduras terríveis no rosto", contou.
Depois disso, ela foi violentada por vários deles, um atrás do outro. Segundo ela, em seguida, seus torturadores pegaram outras duas meninas. "Voltaram só com uma depois de uma hora", relatou.
De acordo com o procurador Scalia, "todas as mulheres do campo foram violadas por somalis e líbios. Lembra momentos trágicos da história da humanidade", lamentou.
Na Itália, o somali detido foi acusado de sequestro, extorsão, formação de quadrilha e violência sexual. Pode ser condenado a 30 anos de prisão. Entre os detidos, há um homem de 47 anos de origem palestina, acusado de organizar o transporte ilegal de imigrantes.
Os dois estão presos em Palermo (Sicília), onde o Departamento Anti-máfia investiga o tráfico de seres humanos. A Itália reforçou a repressão contra o tráfico de imigrantes, após a chegada de 35 mil pessoas em 2013. Boa parte delas foge de guerras civis, da fome e de regimes opressivos na África.