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Líder da Al-Qaeda diz que Frente al-Nosra é a facção do grupo na Síria

Segundo Ayman al-Zawahiri, a influência da EIIL será limitada ao Iraque, enquanto a Frente al-Nosra na Síria será "um braço independente da Al-Qeada"

O líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, ordenou a dissolução de uma das principais facções da rede na Síria, pedindo para que seus combatentes lutem sob a autoridade da Frente Al-Nosra para unificar suas tropas neste país devastado por um sangrento conflito.

"O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (EIIL) será suprimido", declarou em um vídeo divulgado nesta sexta-feira (8/11) pela televisão Al-Jazeera, acrescentando que a Frente Al-Nosra, muito ativa na Síria, é o braço da Al-Qaeda neste país.

O vídeo confirma uma carta citada em 11 de junho pela Al-Jazeera, apresentada como escrita por Zawahiri às ideranças dos grupos na Síria e Iraque.


Essa ordem não tem sido cumprida na frente de batalha. Os jihadistas continuam a combater separadamente sob as bandeiras do EIIL e da Frente Al-Nosra.

Ayman al-Zawahiri indicou que o chefe da Al-Qaeda no Iraque, Abu Bakr al-Baghdadi, "cometeu um erro ao criar a EIIL sem pedir permissão".

[SAIBAMAIS]Afirmando que a rede extremista está presente no Iraque sob a bandeira do Estado Islâmico no Iraque (ISI), o chefe da Al-Qaeda pediu que o ISI e a Al-Nosra ajudem um ao outro em caso de necessidade. E sobre as acusações da oposição segundo as quais o EIIL cometeu abusos contra os rebeldes e civis sírios, com sequestros e execuções públicas em regiões sob seu controle, Zawahiri criticou os islamitas que realizam ataques sem sua autorização contra outros muçulmanos.

A Frente Al-Nosra, criada em janeiro de 2012 e considerada uma organização terrorista pelos Estados Unidos, reivindicou atentados suicidas na Síria e ataques violentos desde o início do conflito. O EIIL luta contra o regime sírio, os outros rebeldes e os curdos com o objetivo de instaurar seu poder sobre todo o norte e leste da Síria e assegurar a ligação com o Iraque, onde estão vários combatentes.

Avanço do Exército perto de Aleppo

Nos últimos dias, os insurgentes, incluindo grupos ligados ao EIIL, perderam vários setores da "Base 80", responsável pela segurança do aeroporto internacional de Aleppo (norte), após confrontos contra o Exército, afirmou nesta sexta-feira o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). Essa base havia sido conquistada em fevereiro pelos combatentes hostis ao regime de Bashar al-Assad, como parte da "batalha dos aeroportos" lançada pelos insurgentes na região de Aleppo.

O OSDH, que se baseia em uma ampla rede de militantes e fontes médicas e militares, também relatou combates entre o Exército e os rebeldes nos arredores de um depósito de armas perto de Mahin (centro).

Insurgentes, incluindo combatentes do EIIL, haviam tomado parte desse arsenal no início da semana. Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), que tinha confirmado, no final de outubro, dez casos de poliomielite em crianças no noroeste da Síria, anunciou em conjunto com o Unicef uma campanha de vacinação em massa no país e em outros seis do Oriente Médio. O objetivo é vacinar 20 milhões de crianças.

No plano diplomático, a Rússia considerou nesta sexta-feira "sem fundamento" a desconfiança dos Estados Unidos quanto à destruição das armas químicas do regime.

A embaixadora americana na ONU, Samantha Power, falou no início da semana a respeito de "anos de mentiras" do regime de Damasco e de "muitas promessas não cumpridas".

A Síria enviou à Organização para a Proibição de Armas Química (Opaq) um documento de 700 páginas sobre a destruição de seu estoque de 1.000 toneladas de agentes químicos e de 290 toneladas de armas químicas do país.