Jornal Correio Braziliense

Mundo

Democrata eleito prefeito de Nova York tem ligação com a América Latina

Bill de Blasio se apresenta como a antítese do atual prefeito Michael Bloomberg, um independente de passado republicano que deixará o cargo que ocupa depois de três mandatos

Nova York - O democrata Bill de Blasio, eleito novo prefeito de Nova York com uma ampla vitória, dará novos ares à Grande Maçã com políticas de esquerda, uma identificação com a América Latina e uma família multirracial e extremamente moderna. Com 52 anos, casado e pai de dois filhos, o defensor do povo de Nova York se apresenta como a antítese do atual prefeito Michael Bloomberg, um independente de passado republicano que deixará o cargo que ocupa depois de três mandatos.



Os filhos Dante, de 16 anos e com um corte de cabelo afro bem vistoso, e Chiara, 18 anos, foram protagonistas de propagandas na TV para apoiar seu pai e mostrar que ele não é "outro cara branco chato". Esta imagem se encaixa perfeitamente com a visão que Nova York tem de si mesma, uma cidade de grande maioria democrata, com uma população multiétnica de 33,3% de brancos, 25,5% negros, 28,6% hispânicos e 12,7% asiáticos.

Uma esperança para os hispânicos

Para os 2,3 milhões de hispânicos que vivem na Grande Maçã, a chegada de De Blasio à prefeitura deve ser uma boa notícia, já que ele se trata de um político com grande afeto pela América Latina. Ele fala espanhol e conhece bem a região. Mais ainda, De Blasio foi um jovem admirador da revolução da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua que, em 1979, derrubou o regime ditatorial de Anastasio Somoza.

De Blasio, então com 26 anos, viajou à Nicarágua em 1988 para ajudar a distribuir alimentos e medicamentos, em meio à luta da FSLN com os "Contras" financiados pelo governo americano de Ronald Reagan. O candidato democrata também conhece Cuba, onde passou sua lua de mel com McCray. Se seu "passado sandinista" causou certa agitação ao ser revelado pela imprensa no final de setembro, De Blasio, ao contrário de negar, fez questão de defendê-lo.

"Não foi um pecado da juventude. Eu estava envolvido num movimento que achava que fazia muito sentido, e a razão pela qual estava envolvido era por causa da política externa dos Estados Unidos", assinalou à revista New Yorker, em referência às ditaduras na América Latina nas décadas de 1970 e 1980. Seu discurso progressista é para muitos uma lufada de ar fresco depois dos anos pró-Wall Street de Bloomberg, e vários de seus ex-assessores enfatizam sua inteligência, seu talento de estrategista e sua determinação.

Seus detratores, em compensação, o acusam de populismo e de ter conduzido uma campanha racista, e também o acusam por sua limitada experiência em postos executivos. Antes de ocupar o posto de defensor do povo de Nova York, De Blasio foi conselheiro municipal do Brooklyn (2002-2009) e ex-diretor de campanha de Hillary Clinton para o Senado em 2000.