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Pnuma: diminui possibilidade de conter aquecimento global a 2ºC

"Esta meta de uma elevação máxima de 2º está cada vez mais fora do alcance", comentou o secretário-executivo do Pnuma

Berlim - As possibilidades de limitar o aumento da temperatura do planeta a dois graus Celsius estão diminuindo sensivelmente, alertou nesta terça-feira (5/11) o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em um novo relatório publicado antes da conferência anual sobre o clima em Varsóvia.

"Esta meta de uma elevação máxima de 2; está cada vez mais fora do alcance", comentou o secretário-executivo do Pnuma, o alemão Achim Steiner, ao apresentar o informe durante entrevista coletiva em Berlim.

"O desafio que nós enfrentamos não é técnico (...), é político", escreveu Steiner no texto. "É uma questão política: simplesmente, o ritmo atual da ação é insuficiente", enfatizou.

De acordo com o informe, as emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa (GEE), que são considerados a causa do aquecimento global, serão entre 8 e 12 bilhões de toneladas acima das metas em 2020, mesmo se os países estudados aderissem aos acordos sobre a limitação das emissões.

Cientistas estimam que se o aquecimento fosse contido no limite dos 2 graus Celsius, as piores consequências do aquecimento global poderiam ser evitadas, mas segundo este informe, isto implicaria em reduzir as emissões de GEE em 14% até 2020.

Segundo a edição 2013 deste relatório anual, as emissões de gases-estufa alcançariam, em média, as 59 bilhões de toneladas até 2020, um bilhão de toneladas a mais do que se estimava na edição de 2012 deste informe.

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O aumento se deve, sobretudo, a novos dados referentes à China e a uma atualização da modelização. "Alcançar a meta de 2;C é, a cada ano, menos concretizável. As emissões aumentam constantemente, enquanto deveriam cair fortemente", explicou à AFP Oliver Geden, pesquisador do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP).

Geden considerou esta meta "irreal" e defendeu seu "abandono ou modificação". Para o Pnuma, no entanto, ainda é tecnicamente possível atingir esta meta. O relatório destaca que o setor agrícola, responsável por 11% das emissões de gases estufa, quase não contribuiu com projetos de redução destas emissões.

Segundo o documento, reduzir as superfícies aradas e plantar árvores ou mata permitiria evitar a emissão de 4 bilhões de toneladas de GEE. Durante esta coletiva, Steiner destacou ainda a necessidade de um suporte financeiro internacional para permitir aos países em desenvolvimento adotar fontes de energia renováveis.

"Se por falta de alternativa a África se vir forçada a seguir o caminho das energias fósseis, nos próximos 20 a 30 anos, nós adicionaremos o equivalente a uma nova economia chinesa no orçamento de carbono do planeta, ao mercado mundial de gás e de petróleo", assegurou o secretário-executivo do Pnuma.

De acordo com o relatório, as metas estabelecidas para 2020 parecem cada vez mais difíceis de alcançar, uma vez que as soluções para mitigar as consequências do aquecimento global vão se tornar cada vez mais complexas e custosas.

"A partir do momento em que tivermos que mobilizar tecnologias que o mercado não puder simplesmente sustentar, caberá ao contribuinte pagar", advertiu Steiner.

Representantes de mais de 190 países se encontrarão em Varsóvia na próxima semana para uma conferência anual e internacional sobre o clima, durante a qual eles vão dar continuidade à trabalhosa negociação que deverá conduzir, em 2015, a um acordo global com entrada em vigor prevista para 2020.